A solução temporária para estancar a crise entre o Planalto e o Congresso teve o aval da presidente Dilma Rousseff, mas foi costurada para ser uma vitória pessoal do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
O objetivo foi retomar as votações na Casa, começando pela aprovação da Lei Geral da Copa, e pacificar a relação com a base aliada e a oposição, demonstrando respeito do governo à autonomia do Legislativo.
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Os principais pontos da Lei Geral da Copa
A negociação para a votação da Lei Geral da Copa se iniciou na sexta-feira, quando Dilma ainda estava no país. Na ocasião, os articuladores do Planalto insistiram com a presidente sobre a necessidade de o governo pelo menos sinalizar uma data para a apreciação do Código Florestal, exigência da numerosa bancada ruralista. Também ficou latente a urgência de tirar da presidente o desgaste por causa do impasse.
Com Dilma viajando à Índia e Maia na Presidência da República, estabeleceu-se o cenário ideal para a retomada dos trabalhos na Câmara, que não votava nada de importante desde a aprovação do fundo de previdência dos servidores, em 28 de fevereiro.
- Era importante Marco Maia aparecer como o grande articulador. Isso acalma todo mundo - comenta um petista que participou das negociações.
Na terça-feira, Maia começou o dia tomando um café da manhã com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Eles concordaram que esperar pelo retorno de Dilma para votar a Lei Geral da Copa deixaria uma imagem de subserviência da Câmara aos interesses do governo.
Mais tarde, já despachando no Planalto, Maia conversou com a ministra das Relações Institucionais, que deu sinal verde para uma conversa do gaúcho com a oposição. Eram 11h17min quando Ideli Salvatti deixou o gabinete presidencial.
Duas horas depois, o gaúcho recebeu os líderes da oposição para um almoço na residência oficial da Câmara. Enquanto se serviam de uma galinhada com feijão e quiabo cozido, os deputados ACM Neto (DEM-BA) e Bruno Araújo (PSDB- PE) fecharam um acordo para votar a Lei Geral da Copa. O acerto ainda fornecia um discurso à oposição, que adesivou em Dilma a imagem de intransigente.
- Queremos mostrar que a crise viajou com ela (a presidente Dilma) - disse ACM Neto.
Por trás das negociações
Com aval de Dilma, Marco Maia costurou acordo com base aliada e oposição para aprovar Lei Geral da Copa
Viagem da presidente à Índia teria servido para demonstrar respeito do Planalto à autonomia do Legislativo
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