O mundo do futebol sem os milhões que abastecem os grandes clubes brasileiros pode ser competente por um tempo, mas não por todo o tempo. Esta lógica contrasta com o fato de que os times tupininquins com muito dinheiro poderiam e deveriam, mas não conseguem, ser verdadeiros porta-aviões de guerra, quase imbatíveis nos mares onde navegam, por todo o tempo como são Barcelona, Bayern e cia.
Esta analogia se encaixa perfeitamente para quem quer entender o que pode esperar dos quatro catarinenses que ousaram invadir a elite do futebol nacional e incomodar o seleto clube dos times que gastam muito o que têm e o que não têm, às vezes com grandes resultados, as vezes com rebaixamentos (com as exceções de Cruzeiro, São Paulo, Santos, Inter, Flamengo, que já balançaram mas nunca caíram).
Os enxeridos barrigas-verde, sem exceção, pularam de divisão, uma a uma, até a Série A baseados num mantra: formam times enxutos e competitivos, sem medalhões salvo exceções, com folhas de pagamento viáveis, credibilidade com seus torcedores e identidade com atletas. Este último tópico vale muito: jogadores sabem que recebem em dia e, assim, preferem ganhar menos aqui do que viver as incertezas de um mercado maluco e sem garantias. E criam raízes e times sempre entrosados e bem preparados fisicamente.
Acontece que a fórmula catarinense é montada tijolinho a tijolinho. Quando chega à elite, a ameaça de um sopro do lobo mau ruir tudo é forte no início. O que causa o efeito gangorra, com os times subindo e caindo. Porém, aos poucos, estruturas mais firmes são montadas, como a que permite ao Figueirense, por exemplo, estar entrando em sua 12ª participação em séries A.
Então é isso: todos os times de SC, Grêmio e Inter podem esperar, serão cascas-grossas. Tudo carne de pescoço. Dos quatro, o Figueira é o que precisa de menos contratações para ser o mais consistente. Chapecoense e o recém-chegado JEC (atual campeão catarinese, título sub-judice) têm times compactos, com bons treinadores (Hemerson Maria e Vinícius Eutrópio), equipes fortes defensivamente e com ótimos atacantes. Apenas o Avaí teve um início de ano desastroso e precisou remontar-se. O Leão da Ilha é uma incógnita.