Confira os comentários do professor Vanderlei Vicente, do Grupo Unificado, sobre o romance História do Cerco de Lisboa, do escritor português José Saramago, vencedor do Prêmio Nobel de literatura de 1998.
O autor
José Saramago é considerado um dos principais nomes da literatura portuguesa contemporânea, tendo escrito uma série de romances marcantes, como O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho Segundo Jesus Cristo e História do Cerco de Lisboa, texto que será cobrado no próximo vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O livro
História do Cerco de Lisboa apresenta como um dos protagonistas a figura de Raimundo Silva, revisor, homem maduro, solteiro, metódico, com uma vida sem grandes emoções, que, certo dia, decide alterar um texto que revisava: "com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta uma palavra à página, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra NÃO, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa, assim está escrito e portanto passou a ser verdade, ainda que diferente, o que chamamos falso prevaleceu sobre o que chamamos verdadeiro, tomou o seu lugar".
O efeito do NÃO
O ato cometido tem uma repercussão gigantesca na vida do protagonista, pois é a partir dele que Raimundo conhecerá Maria Sara, a diretora dos revisores, que lhe pede a criação de uma obra baseada na não-ajuda dos cruzados na tomada de Lisboa por parte dos portugueses.
Com a convivência, Raimundo e Maria Sara apaixonam-se, cada um reagindo a sua maneira: ele, tomado por impulsos um tanto quanto juvenis; ela, de forma equilibrada e madura (apesar de ser mais jovem que ele).
A versão de Raimundo
A história que ele passa a escrever tem por base dois focos: a questão histórica e a questão amorosa. Sobre a primeira, Raimundo conta o cerco dos portugueses a Lisboa, liderados por Afonso Henriques, em 1147, sem a ajuda dos cruzados. Em relação à segunda, ele desenvolve a história de amor entre Mogueime e Ouroana, que, de certa forma, representa a paixão que Raimundo vivia com Maria Sara.
Forma do texto
Vale destacar que o romance apresenta uma forma inovadora, visto que a pontuação evita o uso de pontos finais, utilizando apenas vírgulas.