
O bloqueio de mais 2.724 bolsas de mestrado e doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no país, anunciado nesta terça-feira (4), impactou a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Três cursos de mestrado da instituição tiveram 35 bolsas congeladas para o segundo semestre.
De acordo com o Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação e Pesquisa da UFSM, Thiago Ardenghi, os cortes atingiram os cursos de mestrado em Matemática, Ciências da Computação e Agrobiologia. Ele explica que Matemática tinha um total de 12 bolsas e, no segundo semestre, com o congelamento de quase 70%, passará a ter quatro. Já Ciências da Computação, que tinha 22 bolsas, agora tem sete previstas. Agrobiologia passou de 18 para seis.
De acordo com o pró-reitor, o congelamento impacta não só na instituição, mas também na comunidade:
— Esse dinheiro é muito usado para os jovens se manterem na cidade enquanto estudam. Impacta diretamente na geração de novos talentos que poderíamos ter, de novas pesquisas, de geração de conhecimento que acaba sendo resguardado. Além disso, são cursos que são importantes para o desenvolvimento da cidade. São cursos que desenvolvem softwares, aplicativos que são utilizados pela comunidade. Também são cursos que trabalham diretamente com pesquisas que estudam novas formas cultivo de alimentos. São cursos que formam muitos dos professores que estão na rede públicas e nas redes de ensino do nosso país.
Conforme a Capes, o congelamento não atinge bolsistas que estejam recebendo o benefício no momento. O corte atinge cursos com nota 3 nas últimas duas avaliações da Capes - que é o caso dos cursos de Matemática e Ciências da Computação na UFSM - e também alguns que caíram na avaliação quadrienal de 4 para 3 - que é o caso do curso de Agrobiologia da instituição.
— Causa um impacto significativo no desenvolvimento da ciência. O desenvolvimento científico é dinâmico. Esses cursos acabam sendo prejudicados porque possivelmente não terão novas pesquisas sendo desenvolvidas e isso faz com que se tenha um atraso que não é mensurado de maneira tão simples. A ciência continua e se o investimento é suspenso, consequentemente o conhecimento não é desenvolvido e se volta a um estágio muito anterior ao que se foi parado — destacou Ardenghi.
No início de maio, a Capes já havia anunciado o corte de 3,5 mil bolsas de pós-graduação. Depois, desbloqueou 1,3 mil bolsas, 1,2 mil delas com notas 6 e 7 da Capes. Dessa forma, a UFSM teve, ao todo, 19 bolsas bloqueadas, entre mestrado, doutorado e pós-doutorado à época. Com isso, agora, a instituição já soma - entre os dois congelamentos - 54 bolsas de pós graduação bloqueadas.
Outro desdobramento
O novo anúncio feito pela Capes também trouxe desdobramentos no Programa Institucional de Internacionalização (PrInt). Conforme Ardenghi, das 99 bolsas – de diferentes modalidades – previstas para 2019, 35 bolsas foram realocadas para 2023 - último ano de realização do programa. Ou seja, uma alteração de 65% na quantidade de bolsas previstas para este ano.
— O PrInt é um programa que as universidades federais disputaram e a UFSM foi uma das que ganhou. Neste caso, o impacto se dá em bolsas - de doutorado sanduíche no exterior, professor visitante no exterior e no Brasil, além de jovens talentos que chamaríamos para a instituição - que estavam previstas para este ano e foram remanejadas somente para o ano de 2023. Inicialmente, era para ser em quatro anos, todo o planejamento de pesquisadores foi feito com base neste período. Mas, na semana passada, recebemos a atualização de que seria em cinco, ou seja, terminaria em 2023.