
O crescente uso das plataformas de streaming vem moldando a forma como consumimos produtos culturais, como filmes, séries e músicas. Da mesma forma, os artistas precisam se adaptar às novas formas de criação, distribuição e monetização do conteúdo. Essas transformações se tornaram objeto de estudo para analisar o impacto das plataformas digitais na carreira de músicos.
Liderado por pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda, o estudo global é conduzido em parceria entre diversos países – participam Brasil, Chile, Coreia do Sul e Nigéria. No país, a equipe é composta por pesquisadores da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo.
— Os artistas acabaram se tornando muito dependentes das plataformas para conseguirem lançar seus trabalhos, para que possam ser ouvidos e alcançarem a audiência. Isso acaba gerando muito trabalho, como a questão da divulgação, principalmente para artistas independentes, não atrelados a grandes gravadoras — explica Vanessa Valiati, pesquisadora e professora no Programa de Pós-Graduação em Indústria Criativa da Feevale.
Financiado pelo Conselho Europeu de Pesquisa, o projeto investiga a forma como as redes sociais e as plataformas de streaming, como Spotify, Deezer e Apple Music, influenciam as práticas criativas, as identidades e as condições de trabalho dos músicos. Trata-se da primeira pesquisa acadêmica desse porte abrangendo o Brasil.
Questionário aos artistas
Lançada nesta semana, a primeira etapa do levantamento envolve a distribuição de um questionário. Voltado aos músicos, o formulário pode ser acessado neste link e busca identificar a relação deles com as plataformas. Os pesquisadores ressaltam a importância da divulgação do questionário – o objetivo é reunir respostas de artistas de todo o país.
— Estamos tentando conduzir a pesquisa sob uma perspectiva global. Tem muitas pesquisas a respeito de músicos no Reino Unido e nos Estados Unidos, por exemplo. Mas há pouquíssimos dados, especialmente em países como a Nigéria, sobre as plataformas que os músicos utilizam, efetivamente, quanto tempo gastam nelas e qual a sua importância — afirma o coordenador do estudo, Robert Prey.
Ele é pesquisador da Universidade de Groningen e professor associado no Oxford Internet Institute. Segundo Prey, outro aspecto relevante da investigação é que, quando houver dados, será possível comparar as práticas de artistas destes diferentes países e agregar informações para subsidiar políticas públicas que forneçam suporte aos artistas.
O mesmo questionário será distribuído nos países envolvidos no estudo. Após a etapa quantitativa, os pesquisadores irão realizar entrevistas com músicos, de modo a aprofundar a investigação.
As perguntas buscam mapear quais as plataformas utilizadas pelos músicos e quanto tempo gastam com essas atividades de formatação, empacotamento, distribuição e divulgação do conteúdo ao público.
No RS, a pesquisa “Artistas Musicais e Plataformas Online” conta com a parceria da Secretaria de Cultura do Estado (Sedac), por meio do programa RS Criativo, e do Instituto Estadual da Música. A empresa IPSOS, líder em pesquisa global, é responsável pelo tratamento dos dados coletados por meio do questionário online.