A maioria das dúvidas e angústias relacionadas ao futuro geralmente estão associadas à inserção no mercado de trabalho e à capacidade técnica para o exercício profissional. Esse tipo de sentimento tende a ficar mais evidente ao final da graduação, quando os estudantes se preparam para concluir o curso e buscar oportunidades de emprego. É o que destaca a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Escola de Saúde da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Melina Lima.
Em pensamento semelhante, a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Atitus Educação, Júlia Schneider Protas, comenta que as preocupações dos estudantes estão concentradas em como se inserir profissionalmente no mercado de trabalho, bem como se terão ou não possibilidades de se sustentarem. Outro ponto indicado por Júlia está relacionado à importância da profissão escolhida para o futuro.
— Algumas profissões estão sendo repensadas de forma radical quanto à sua “função” na cultura. Toda ciência é dinâmica e pressupõe reformulações e reorganizações, mas algumas áreas são mais afetadas quando se pensa em empregabilidade no futuro — ressalta.
Com relação às dúvidas das capacidades individuais e técnicas que podem surgir, Melina sugere que o estudante busque pelo melhor aproveitamento das diferentes oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. As práticas de estágio, por exemplo, que exigem uma intensa exposição do estudante, podem garantir esse aprimoramento técnico e prático, e são fundamentais para o desenvolvimento da confiança individual no exercício profissional.
— Essas experiências mais práticas podem reduzir a ansiedade que surge quando os estudantes se aproximam do contexto profissional — reforça.
Além disso, segundo as especialistas, independentemente da graduação, as conexões que podem ser estabelecidas desde o início da graduação servem como base para uma inserção mais tranquila no mercado de trabalho. Isso é possível com o contato próximo com professores e colegas, participação em diferentes atividades que a universidade pode proporcionar, como eventos, congressos, atividade de monitoria, entre outras.
Para Júlia, é necessário conversar sobre a ansiedade e, para isso, se faz importante levar para o meio acadêmico pessoas do mercado e pensadores da cultura para trazerem aspectos das suas percepções e até mesmo as preocupações. Segundo ela, fomentar o pensamento crítico e a criatividade são fundamentais para uma formação acadêmica.
Ansiedade
Durante a graduação, os estudantes podem passar por alguns momentos tensos em que podem surgir mais sentimentos de ansiedade diante de importantes demandas. Conforme contextualiza Melina, no início, observa-se a necessidade de rápida adaptação à nova rotina de estudos e às responsabilidades que o curso superior exige. Ao final da trajetória acadêmica, estão o manejo das entregas mais exigentes, como: relatórios de estágios, portfólios, projetos e o trabalho de conclusão do curso. Logo, a atenção à saúde emocional e ao bem-estar psicológico se faz necessária.
Ainda, segundo a coordenadora do curso de Psicologia da Unisinos, os estudantes que conseguem desenvolver estratégias como autorregulação e automotivação possuem melhores condições de enfrentar esses desafios de uma maneira mais leve. A capacidade de reconhecer as próprias emoções, mesmo as mais desagradáveis de sentir, garante o desenvolvimento de uma maior consciência sobre si e possibilita a adequação do comportamento e das capacidades de comunicação e interação social.
— As universidades que estão atentas a isso e oportunizam espaços de cuidado conseguem garantir um percurso mais satisfatório para os alunos — ressalta.
Júlia reforça que também existem currículos com conteúdos que envolvem a inteligência emocional. No caso da Atitus Educação, existe uma trilha de disciplinas para desenvolver as soft skills e espaços de estímulo ao cuidado da saúde mental.
— Tem palestras, rodas de conversa, atividades de integração e trocas entre os alunos e também núcleos de atendimento aos estudantes quando necessitam de uma escuta e de orientações — diz.
Confira cinco dicas para você colocar em prática
- Organize seu tempo. Crie uma rotina que possa comportar o tempo necessário para as atividades da faculdade, mas também o momento de descanso.
- Divirta-se! Inclua no seu dia a dia momentos para diversão, passeios, jogos, conversas com amigos, leitura de livros, filmes etc.
- Pratique algum exercício físico. Além de ser bom para o corpo, ajuda a reduzir níveis de ansiedade e tristeza. Dependendo do exercício, pode também ser uma fonte rica de socialização.
- Aprenda seus limites. Peça ajuda ao professor quando necessário para compreender uma matéria, conteúdo ou trabalho. Uma informação bem trabalhada evita muita angústia.
- Lembre-se, tudo é aprendizado. Quando existe uma frustração com o desempenho acadêmico, é possível aprender muito sobre si e sobre a escolha profissional.
Fonte: Júlia Schneider Protas, psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Atitus Educação