O candidato Sebastião Melo (MDB) foi o primeiro entrevistado dos Diálogos Educação Já Municípios em Porto Alegre, um evento realizado por GZH em parceria com o Todos Pela Educação. Questionado pela colunista Rosane de Oliveira e o repórter Guilherme Justino, Melo falou sobre o planejamento de ações para a volta às aulas presenciais, apresentou propostas para a primeira infância, abordou a necessidade de expansão de vagas em creches e comentou planos para melhorar a alfabetização e os indicadores de aprendizagem dos alunos da rede municipal da Capital.
Até 6 de novembro, serão promovidas outras três sabatinas, todas com foco em educação, com os candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. A partir da pesquisa de intenção de votos Ibope/RBS TV de 5 de outubro, foram convidados, além de Melo, também Manuela D’Ávila (PCdoB), José Fortunati (PTB) e Nelson Marchezan (PSDB). Confira a agenda:
- Nelson Marchezan (PSDB) – 3/11, às 14h
- Manuela D’Ávila (PCdoB) – 5/11, às 15h
- José Fortunati (PTB) – 6/11, às 11h
A seguir, veja um resumo do que foi falado pelo candidato.
Retorno às aulas presenciais
O atual gestor já anunciou uma proposta disso. Acho que o primeiro dever do responsável por ganhar a eleição é não sair desfazendo o que o anterior fez. Não esperem de mim uma atitude dessas. Se a proposta anunciada pelo gestor é uma proposta que fica de pé, bom, nós vamos partir dela, (mas) correções podem ser feitas. Temos que acertar o calendário deste ano e o calendário do ano que vem. E veio para ficar essa questão do ensino híbrido, isso é uma realidade.
Eu sou favorável a que as escolas estejam preparadas, tanto agora quanto em janeiro, para receber os alunos. Se os alunos não quiserem ir, porque os pais dizem que não vão, bom, nós temos que criar alternativas do ensino híbrido. Agora, as escolas têm que estar preparadas. Tem que ter uma central de preparação dos professores, o que eu creio que esteja acontecendo, para o ensino das tecnologias. Eu não vou impôr um calendário, nós temos que ter um calendário para recuperar o ano anterior e ter o calendário do ano com muito diálogo e efetividade.
No nosso governo, a rede estará preparada para receber os alunos presencialmente. Independente de vacina. Não obrigaremos os pais a levarem os filhos, mas vamos à vida real: tem bairros da cidade em que a internet não chega bem, e tem casas sem tablet, computador, um celular disponível. Por isso, cada escola tem que ter o seu planejamento.
Recuperação de conteúdos
Eu vou recuperar as aulas do ano de 2020. Nós temos discutido muito, no Vozes da Cidade, uma central de conteúdo, que pudesse produzir o conteúdo da matemática, da ciência, do português, e você ter monitores nos espaços da escola para essas recuperações. (Se) o aluno não tem tablet, não tem computador, ele vai para a escola recuperar sua aula. Agora, se o aluno não vai para a escola e não tem em casa internet: aí nós temos que encontrar uma solução. O certo é que o aluno não pode ficar sem aprender.
O primeiro desafio do prefeito de Porto Alegre é fazer os jovens aprenderem. Isso tem que melhorar
SEBASTIÃO MELO
Candidato à prefeitura de Porto Alegre pelo MDB
Qualificação do ensino
Não dá para botar a culpa no aluno. Nós sabemos que a nossa rede está lá na periferia, tem alunos que chegam com vários problemas. E se há uma rede que precisa de transversalidade é a rede de ensino municipal. Nossa rede já tinha muita evasão, e com certeza vai aumentar bastante na pandemia. Esse desafio é uma capítulo à parte: tu não vai lá pegar o aluno na marra e devolver. Vai ter que trabalhar muito com os irmãos, as mães, os pais, todo mundo envolvido para que esse aluno retorne à aula.
A questão do ensino, eu vejo um caminho: o turno inverso. O professor sabe quem precisa de reforço escolar, e quais as matérias. Antes de pensar em qualquer outra atividade, o turno inverso tem que servir para (combater) a defasagem do aprendizado. O primeiro desafio do prefeito de Porto Alegre é fazer os jovens aprenderem. Isso tem que melhorar.
Eu não acredito em uma escola em que o pai é só chamado para falar que o filho não está bem. Eu acredito em uma escola em que o pai ajuda a decidir com a mãe, com a comunidade. Em que o conselho escolar esteja junto. Em que o prefeito, uma vez por semana, vai almoçar em uma escola, tomar café com os professores. Sinalizar que a educação é importante.
Vagas em creches
Tem que aumentar o número de vagas nas creches. Há um déficit muito grande. Tem que ter uma política continuada: ninguém vai resolver o déficit, nem eu nem o prefeito que busca a reeleição, muito menos quem se eleger. Agora, tem que aumentar. O prefeito tem um limite orçamentário também nessa área, mas é preciso ter mais creches.
Vou aumentar vagas nas creches, sim. A quantidade, não dá para dizer
SEBASTIÃO MELO
Candidato à prefeitura de Porto Alegre pelo MDB
Eu vou trabalhar com todo o esforço possível para que a gente diminua esse déficit que tem a cidade de Porto Alegre. Não chegaremos lá no final de um governo atendendo mais 6 mil crianças. Com certeza, não. Mas você, quando assume um governo, tem que elencar suas possibilidades. Existe um orçamento que você tem que convencer as pessoas. O orçamento público no Brasil, especialmente pela economia que está ladeira abaixo, cada vez diminui mais. Tem desafios enormes postos para nós. Mas vou aumentar vagas nas creches, sim. A quantidade, não dá para dizer.
Primeira infância
Nós tivemos uma época na nossa cidade em que foi criado o Ação Rua, porque tínhamos, tristemente, muitos problemas na cidade, e continua tendo. Então eu penso que a rede de assistência tem que trabalhar. Não existe uma política isolada nessa questão. Temos questões gravíssimas de drogadição, crianças de rua... essa rede tem que ser muito integrada. Não tem uma política isolada para dar certo. Lugar de criança é na família e na escola. Se tu trabalhar isoladamente, não resolve. Tem que trabalhar a família, o emprego, a renda: uma série de conjuntos de ações.
Formação e contratação de professores
A formação continuada é importante em qualquer rede. Isso não se discute. Agora, a nossa rede tem professores qualificados. Eu reconheço que faltam professores em algumas matérias. Mas eu pergunto: nós temos dinheiro para contratar professores nos próximos meses? Não. Nós vamos ter que resolver isso de outra forma. Vamos ter que sentar e encontrar uma solução. Talvez a central de conteúdo possa ser uma. Aonde você produza o conteúdo e esse conteúdo vai, hibridamente, para a sala de aula, e os monitores possam dialogar e tirar dúvidas com os alunos.
A grana está curta. Você tem uma folha de pagamento que consome 46% dos recursos próprios. Uma previdência que tem um gasto de R$ 1 bilhão para o ano que vem. Então não dá pra dizer o seguinte: o prefeito vai abrir concurso na educação... mas nós temos que enfrentar esse tema.
Comando da Secretaria da Educação
Se eu for escolhido prefeito, junto com o Ricardo, a escolha do secretário da Educação será pessoal do prefeito. Não vai envolver partidos. Vou pegar o melhor quadro que estiver disponível, uma pessoa que tenha diálogo e conhecimento da área. Eu não vou terceirizar essa matéria. Não tenho esse nome (ainda), só estou dizendo que, se for prefeito, não vou partir de indicação partidária, e vou ouvir muita gente. O melhor quadro disponível. O salário é baixo, a pessoa tem que querer ajudar a cidade.