
Com Selic avançando mais uma vez, o crédito segue mais caro e restrito no país. Por outro lado, parte dos investimentos em renda fixa fica ainda mais interessante diante de aumento no retorno e de mais segurança, segundo especialistas.
Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) confirmou acréscimo de um ponto percentual na taxa, que sobe para 14,25% ao ano — maior patamar desde outubro de 2016.
Na parte do crédito, a sequência de altas eleva os custos nas operações de empréstimos e financiamentos para pessoas físicas e empresas.
O uso de ferramentas menos indicadas, como cheque especial e rotativo do cartão de crédito, também fica mais oneroso (veja simulações abaixo). Além disso, o financiamento de itens como veículos e imóveis é outro movimento que fica mais salgado nesse contexto.
Investimentos
Os investimentos em renda fixa, principalmente os pós-fixados, seguem sendo os mais atrativos nesse ambiente com Selic em patamar elevado. Esse tipo de ativo é atrelado a algum índice. Ou seja, com Selic elevada, alguns produtos acompanham essa tendência e aumentam os retornos aos investidores.
Guilherme Almeida, diretor de renda fixa da Suno Investimentos, no entanto, lembra que existe um risco adicional nos títulos privados diante da possibilidade de a companhia ou a instituição não honrar alguns pagamentos, diante desse cenário de juro alto:
— Nessa elevação da Selic, títulos pós-fixados cuja rentabilidade acompanha a taxa básica de juro ou a taxa DI tendem a ter uma remuneração superior. É possível que novas emissões de títulos daqui para frente vão incorporar esse aumento também, mas cabe ao investidor tomar cuidado nesses aspectos, principalmente na exposição a pré-fixado e na exposição a títulos privados.
Nesse contexto, é ainda mais importante não pensar apenas na rentabilidade, mas também verificar a qualidade do emissor do título para evitar problemas futuros.
Poupança
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), afirma que a poupança segue menos atrativa neste contexto de Selic na casa dos dois dígitos. Nesse caso, a poupança acaba dando menos retorno do que alguns fundos de investimentos.
Quando a Selic está acima de 8,5%, a remuneração da poupança é limitada a 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). Se o juro estiver em 8,5% ao ano ou menos, a poupança rende 70% da Selic mais a TR.
No entanto, a poupança ainda pode ser uma opção vantajosa para investidores com menos dinheiro, porque não tem descontos de taxas de administração e outros impostos, segundo o diretor da Anefac.
Simulações do efeito da Selic mais alta no crédito
Cheque especial
Uso por 20 dias de R$ 1 mil
Com Selic de 13,25%
- Taxa mensal: 7,89%
- Valor do juro: R$ 52,60
Com Selic de 14,25%
- Taxa mensal: 7,97%
- Valor do juro: R$ 53,13
Elevação de R$ 0,53
Cartão de crédito rotativo
Utilização do rotativo por 30 dias de R$ 3 mil
Com Selic de 13,25%
- Taxa mensal: 15,06%
- Valor do juro: R$ 451,80
Com Selic de 14,25%
- Taxa mensal: 15,14%
- Valor do juro: R$ 454,20
Elevação de R$ 2,40
Juros do comércio
Compra de uma geladeira de R$ 1,5 mil em financiamento de 12 meses
Com Selic de 13,25%
- Taxa mensal: 5,26%
- Valor da parcela: R$ 171,73
- Valor total: R$ 2.060,75
Com Selic de 14,25%
- Taxa mensal: 5,34%
- Valor da parcela: R$ 172,50
- Valor total: R$ 2.069,99
Elevação no mês: R$ 0,77
Elevação total: R$ 9,24
Fonte: Anefac