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A correria do Centro de Porto Alegre se acentua nos dias que antecedem datas festivas como o Natal. Entre uma loja e outra, milhares de pessoas transitam em busca de presentes, quase sempre em busca do menor preço. E é nessa hora que um ramo está se destacando: as lojas de R$ 10.
Assim como o nome, o funcionamento é bem simples — todos os itens à venda custam R$ 10. E tem de tudo, itens de cama, mesa, banho, vestuário, decoração, brinquedos, ferramentas. O estilo lembra as antigas lojas de R$ 1,99, sucesso na década de 1990 após a estabilidade econômica do Plano Real, que acabaram perdendo espaço nos últimos anos.
A variedade de produtos atrai um público diverso, seja dos mais jovens aos mais velhos, e dos homens às mulheres. Nos corredores de um dos estabelecimentos deste ramo, na Rua dos Andradas, centro da Capital, a fila de espera para ser atendido no caixa e o fluxo intenso nos corredores demonstra o nível da procura. Na manhã de quarta-feira, o público se misturava entre quem procurava presentes para o Natal e quem aproveitava o preço dos produtos somente para fazer compras de rotina.
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— Eu adoro um "10" (nome pelo qual as pessoas costumam se referir a estas lojas). Eu venho pelo menos a cada 15 dias fazer compras. Gosto muito de potes, então é um paraíso para escolher, tem diversos modelos — conta a diarista Raquel Lopes, 42 anos.
Moradora do bairro São José, na Zona Leste, Raquel costuma se deslocar até a Avenida da Azenha, onde também encontra lojas da mesma modalidade. Para ela, a vantagem, além do preço, está na qualidade dos produtos:
— Nunca tive problemas com as coisas que comprei, então, acho que vale mais a pena ainda.
Faltando menos de uma semana para o Natal, o público vai até as lojas populares na intenção de encontrar presentes com preços em conta. Para quem chega no "10", levar só um regalo é muito pouco. A maioria dos clientes circulava com sacolas recheadas. Gerente de uma clínica dentária no bairro Mario Quintana, Sônia Angelo, 66 anos, se deslocou até o Centro para fazer as comprar natalinas. Entre os itens adquiridos, três bermudas, um copo plástico decorado e um moedor de temperos.
— Vale demais. Enquanto tu compras um presente em outras lojas, com o mesmo dinheiro, compras cinco aqui — avalia Sônia.
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O consultor financeiro Victor Hugo, 28 anos, resolveu ir ao local para sanar a curiosidade. Ele mora em Canoas, mas trabalha no Centro da Capital e ouvia colegas de trabalho falando sobre as vantagens das lojas com preço único.
— É bem interessante. Já comprei presentes e também algumas ferramentas que estava precisando. É bem em conta e parecem produtos bons — diz Victor.
Como vender tudo pelo mesmo preço?
O maior atrativo das lojas da modalidade preço único é justamente o valor e a variedade dos produtos. E para quem se pergunta como é possível oferecer essa ampla gama de opções de compra por um preço padronizado, neste caso, R$ 10, a resposta está na quantidade de lojas de uma mesma empresa.
Taís Oliveira, gerente de um estabelecimento que vende mercadorias com o valor fixo de R$ 10, explica que a rede onde ela trabalha tem lojas espalhadas pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e em alguns pontos do interior de São Paulo. Assim, a companhia consegue comprar os produtos em grandes quantidades e, portanto, com preços mais baixos. Depois, distribui entre as filiais.
— Compramos em grande quantidade, conseguimos um valor mais em conta e fechamos os preços de venda em R$ 10 — conta Taís.
Segundo a gerente, o movimento no mês de dezembro aumentou em relação aos meses anteriores. E, nesta semana, o fervo é ainda maior na loja:
— Quanto mais perto do Natal, mais pessoas nos procuram para comprar presentes. Mesmo assim, o movimento é intenso sempre.
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"É um mercado em crescimento", avalia Sindilojas
Na visão do presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), Paulo Kruse, o comércio de preços populares é uma alternativa importante para o consumidor, ainda mais em épocas festivas como o Natal.
— Tem gente que participa de vários amigos-secretos, por exemplo. Nessas lojas, dá para comprar presente para todo mundo — avalia Paulo.
Além disso, o presidente do Sindilojas acredita que o mercado tende a se expandir cada vez mais, não ficando somente na venda de produtos com um preço único.
— Essas lojas são uma evolução das lojas de R$ 1,99. Tem outras, que vendem com preços fixos diferentes, como R$ 20, por exemplo. Não são lojas que conseguem se sustentar muito tempo neste formato, pois o valor do dinheiro muda. Mas, quando atingem o sucesso, elas aumentam sua oferta, podendo trabalhar com preços variados, e não apenas um preço único para tudo.