Empossado na semana passada como ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR) é citado em um grampo da Polícia Federal (PF) na Operação Carne Fraca, que investiga um suposto esquema de venda de carne adulterada em sete Estados, incluindo o Rio Grande do Sul. No entanto, de acordo com a corporação, não há indícios de envolvimento do peemedebista nas supostas irregularidades.
A ação deflagrada na manhã desta sexta-feira apura o envolvimento de fiscais agropecuários federais que cobrariam propina de empresários para certificar produtos que não eram fiscalizados. Em uma conversa telefônica interceptada, Serraglio conversa com Daniel Gonçalves Filho, fiscal agropecuário que atuou, entre 2007 e 2016, como Superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná. Segundo a PF, Gonçalves Filho era o líder do suposto esquema criminoso.
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A ligação telefônica ocorreu em fevereiro deste ano, quando o peemedebista ainda ocupava uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Paraná. Serraglio ligou para Gonçalves Filho buscando informações sobre o frigorífico Larissa, localizado em Iporã, que pertencia a Paulo Rogério Sposito – empresário que disputou a eleição de 2010, pelo PPS, como candidato a deputado federal em São Paulo.
– O cara que está fiscalizando lá apavorou o Paulo, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico... Botou a boca. Deixou o Paulo apavorado – disse Serraglio ao superintendente, por telefone, segundo transcrição na decisão judicial.
No início da conversa, o ministro se refere a Gonçalves Filho como "grande chefe". Depois de ouvir o comentário de Serraglio sobre o problema, o superintendente contata a fiscal responsável pela área. A técnica afirma que não existe irregularidade com o frigorífico. Em seguida, Gonçalves Filho relata a informação ao então deputado.
De acordo com a publicação, Sposito, citado pelo ministro da Justiça, é alvo de um mandado de prisão preventiva na Operação Carne Fraca. A suspeita da PF é de que o empresário tenha pago propina a funcionários públicos para evitar a fiscalização.
No despacho em que autorizou a operação, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva reforçou a tese do Ministério Público Federal (MPF) de que não há indícios de crimes contra Serraglio.
"Até que se tenham, pelo menos, indícios mínimos da participação efetiva de pessoa detentora de mandato eletivo, com foro privilegiado, nos delitos de corrupção, falsidades, lavagem de dinheiro, dentre outros apurados na presente investigação, entendo que não há motivo para deslocamento de competência a instância superior", decidiu o magistrado.