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A produção industrial caiu 3,8% em agosto na comparação com julho. Em relação a agosto de 2015, a produção teve um recuo ainda maior, de 5,2%. Este é o pior resultado mensal desde a queda de 4,9% verificada em janeiro de 2012. Os números já contam com ajuste sazonal e foram divulgados na manhã desta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com agosto do ano passado, sem ajuste, as estimativas variavam de retração de 3,4% a 6,2%, com mediana negativa de 5%. Contando os primeiros oito meses do ano, a produção da indústria acumula queda de 8,2%. Em 12 meses, o recuo é de 9,3%, de acordo com o IBGE.
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A queda de 3,8% em agosto fez o setor se afastar ainda mais do ponto mais elevado de produção. A indústria opera atualmente 21,3% abaixo do pico da série histórica, alcançado em julho de 2013.
– A indústria opera em patamar semelhante a dezembro de 2008 – apontou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Ele pontua que, após cinco meses de resultados positivos consecutivos, houve uma reversão de trajetória.
– Talvez essa seja uma característica desse período mais recente do setor industrial, de perdas com alguns movimentos de resultados positivos.
Queda em 21 setores
A redução de 3,8% da produção industrial em agosto teve predomínio de resultados negativos, alcançando 21 dos 24 ramos pesquisados, segundo o IBGE. A queda na produção no mês interrompe uma sequência de cinco resultados positivos, período em que a indústria tinha acumulado um avanço de 3,7%.
– De fato, o mês de agosto mostrou uma diminuição importante de ritmo na produção. A indústria elimina no mês de agosto o ganho acumulado nos cinco meses anteriores – apontou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
As principais influências negativas para o resultado geral foram dos produtos alimentícios (-8%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-10,4%). A fabricação de alimentos eliminou o avanço de 1,9% verificado em julho, enquanto a produção de veículos teve a segunda queda consecutiva, acumulando nesse período uma perda de 14%.
– A redução na produção de automóveis tem relação direta com paralisações na produção de montadoras, reduções de jornada, que já vinham ocorrendo para adequar estoques à demanda. Mas, para esse mês particular teve um adicional: a paralisação de uma determinada empresa em função de um problema de fornecimento de matéria-prima. Isso traz uma consequência importante para a fabricação de automóveis – disse Macedo, referindo-se à briga da Volkswagen com uma fornecedora de autopeças, que paralisou a linha de montagem da fabricante e afetou o desempenho da produção de automóveis em agosto ante julho.
No caso de alimentos, houve influência negativa das condições climáticas desfavoráveis sobre o setor de cana de açúcar.
Outras contribuições negativas importantes para o total da indústria no período foram das indústrias extrativas (-1,8%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,9%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,8%), de produtos de minerais não-metálicos (-5,1%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-6,9%), de metalurgia (-1,7%), de máquinas e equipamentos (-1,6%) e de produtos de borracha e de material plástico (-1,9%).
Na contramão, o ramo de produtos farmoquímicos e farmacêuticos avançou 8,3% em agosto ante julho, eliminando a queda de 7,3% verificada no mês anterior.