O recuo de 0,3% na economia brasileira no primeiro trimestre de 2016 é visto como "positivo" por analistas, que projetavam um tombo ainda maior da atividade econômica entre janeiro e março. A média das projeções de mercado era de queda de 0,8% no período. Os mais pessimistas apostavam em encolhimento de até 1,4%.
Se ainda é cedo dizer que a economia vai parar de cair, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de janeiro a março, permite ao menos enxergar o fundo do poço, avaliam economistas. Os dados mostram que o ritmo de piora dos indicadores diminui em relação ao último trimestre de 2015.
Carlos Muller, analista-chefe da Geral Corretora, vê um possível ponto de inflexão a partir do segundo semestre:
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– A chegada da nova equipe econômica ocorreu na metade deste segundo trimestre. Um mês e meio é um período muito curto para refletir mudanças. A taxa de investimentos está muito baixa e mudar isso não é tão simples.
Muller avalia que o diagnóstico do novo ministro da Fazenda para os problemas da área econômica está correto. Em seus discursos, Henrique Meirelles tem ressaltado a necessidade da retomada de confiança. O recuo no consumo das famílias e a queda na Formação Bruta de Capital Fixo (taxa de investimento) indicariam o pessimismo de consumidores e empresários com o ritmo da economia.
Na avaliação de Valter Bianchi, diretor da gestora de recursos Fundamenta, o que pode apontar de forma clara uma retomada do crescimento nos próximos meses são justamente os indicadores de confiança. Mensalmente são divulgados índices que medem o otimismo de consumidores e de diversos segmentos da economia, como indústria, serviços, construção civil e comércio.
– A "despiora" da economia conta também com um efeito estatístico. Como a recessão vem a vários trimestres, a base de comparação começa a ficar mais baixa e isso também acaba interferindo. De qualquer modo, estamos chegando perto do piso. A dúvida agora é qual ser a velocidade de escalada ao topo – diz.