O anúncio da saída de PDT e PTB da base aliada do governo dá o argumento perfeito à presidente Dilma Rousseff para fazer agora, o mais rapidamente possível, o que já deveria ter feito desde o início do segundo mandato: reduzir e muito o número de ministérios.
Ainda que a ajuda desse corte para o ajuste fiscal seja pequena, o efeito simbólico é poderoso. Um governo que impõe pesados tarifaços, eleva juros, cria um programa que permite redução de salários, em nome de superar um período de crise, não pode ter 39 ministérios. Metade seria mais do que suficiente.
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Agora, há informações de que o que restou da base aliada cobra da presidente essa medida. Os motivos não devem ser os mais nobres, mas é bom aproveitar o momento. Mostrar uma casa arrumada e enxuta, na barafunda que se transformaram as relações políticas em Brasília, nunca foi tão essencial. Seria um bom começo de conversa também com grandes empresários, que a presidente pensa em convocar para tentar retomar alguma racionalidade na vida pública.
Considerado um dos avalistas do governo, pela indicação de Joaquim Levy para a Fazenda, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, deu seu recado - em linha com a principal mensagem do programa do PT: a crise política é mais forte do que a econômica.
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Não porque tem potencial para derrubar uma presidente eleita democraticamente, mas porque, nas palavras de Trabuco, "abala a confiança no país e retarda a volta do crescimento". É bom lembrar, aliás, que o Bradesco deu uma senhora contribuição para assinalar que, um dia, a retomada virá, ao pagar até mais do que o mercado esperava pelo HSBC.
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