
Da prensa, pouco conhecida no Distrito Federal (DF), saem quase 4 mil lanches a cada mês. O dono da chapa é de Sapucaia do Sul, um desgarrado que transformou saudade em oportunidade. Radicado há 11 anos em Brasília, onde impera o hambúrguer, Cristian Ramos,38 anos, apostou no apelido e no jeitão do cheeseburger do Rio Grande do Sul.
Deu certo: o Xis Gaúcho virou franquia e quer conquistar paladares pelo Brasil. Prestes a completar cinco anos, a marca soma seis lojas - cinco no DF e uma em Bauru, São Paulo - com faturamento médio de R$ 80 mil ao mês cada uma.
Negócio iniciado diante do desejo de Cristian, ex-analista de sistemas, que sentia falta do sabor dos sanduíches prensados.
- Eu queria um lugar para comer xis a qualquer hora, como no Sul. Encontrava xis em cada esquina em Sapucaia - lembra.
Para abrir a lanchonete, o empresário investiu R$ 150 mil (atualmente o aporte chega a R$ 1,5 milhão para criar a marca, formatar franquia e treinar funcionários). Também teve de driblar a carência de fornecedores. Se não existia xis no DF, as padarias não produziam a massa. Assim, Cristian trazia do Estado receitas e pães. Montar uma cozinha apta a reproduzir o xis também foi difícil. O padrão gaúcho exige um lanche grande, com bastante recheio (filé, frango, bacon ou calabresa) e ovo.
- Se não tiver ovo, o cliente reclama - diverte-se Cristian.
O próprio empresário ensinou como montar o xis para a primeira funcionária. Até hoje ela é responsável pelo treinamento dos chapistas nas lanchonetes novas. As carnes são separadas por porção, e a maionese é produzida em laboratório com ingredientes especiais, como ovo em pó. O tamanho e o recheio variam conforme o gosto do cliente.
Sanduíche agrada por ser diferente
Vencidos os entraves, a estreia do Xis Gaúcho foi promissora: 500 sanduíches na primeira noite. O sucesso inicial foi ampliado pela propaganda feita por gaúchos como o gerente comercial Darcio Cunha, que mora em Brasília há 20 anos.
- Eu tentava improvisar o xis em casa, mas não dava certo. Quando surgiu um de verdade, prensado, adorei. Trago a família todos os fins de semana - revela.
Devagar, o sanduíche prensado começou a conquistar o paladar também dos brasilienses. O militar Marcelo Silveira é frequentador:
- Ele (o xis) é diferente de todos os lanches que a gente encontra por aí, principalmente por ser prensado.
Expansão segue o rastro dos gaúchos
Atenta aos desgarrados do Sul, a rede de lanchonetes criada em Brasília seleciona novos franqueados pelo país. Regiões que receberam grande fluxo de imigrantes do Estado nas últimas décadas, como o Centro-Oeste e parte do Sudeste, ganham atenção na estratégia de expansão da empresa.
Proprietário da rede, Cristian Ramos oferece dois modelos de franquia. Comercializada a R$ 180 mil, a Xis Gaúcho Express é voltada para lojas compactas e vende apenas o sanduíche prensado. Já a versão tradicional da rede custa entre R$ 250 mil e R$ 300 mil, indicada para espaços amplos, com venda dos tradicionais sanduíches, mais petiscos e pratos executivos.
Conforme Cristian, é possível recuperar o investimento em até três anos. A franquia tem três linhas de lanches, com preços que variam de R$ 7,90 a R$ 33,90. A mais barata é a Pox, com hambúrguer processado e sem ovo. Já a linha tradicional traz o sanduíche clássico, com ovo e peso de 600 gramas. A linha Capital segue o mesmo modelo, porém o xis tem 380 gramas.
- A saudade do xis acaba popularizando a marca entre pessoas de outros Estados. Os gaúchos levam os amigos para conhecer o sanduíche - constata Ramos.
Perfil
Fundação: 11 de dezembro de 2008
Localização: Distrito Federal e Bauru, SP
Unidades: seis
Número de Funcionários: 70 (toda a rede), média de 12 por loja
Descrição: rede de lanches rápidos, especializada em sanduíches típicos do Rio Grande do Sul
Faturamento em 2012: R$ 5 milhões (toda a rede)
Faturamento previsto para 2013: R$ 6 milhões (toda a rede)
Planos para 2014: expansão de duas lojas no Centro-Oeste e mais três em outras regiões do país