Para se tornar uma grande empresa, muitas vezes é preciso focar em apenas um segmento e tentar ser referência dentro dele. Mas há situações em que a diversificação pode trazer resultados ainda melhores. É o caso do grupo Herval, de Dois Irmãos, que em pouco mais de 50 anos se consolidou em três ramos principais - indústria, varejo/ atacado e serviços -, todos em contínuo processo de ascensão.
Tudo começou com uma madeireira para extração de araucárias na localidade de Santa Maria do Herval (que deu origem ao nome da empresa), fundada pelas famílias Seger, Grings, Lauxen e Knorst. A empresa produzia caixas de madeira para exportação de produtos calçadistas, enquanto ingressava no segmento de materiais de construção.
Na década de 1970, a Herval abriu uma fábrica de móveis estofados e, como consequência, outra de espumas. Mais tarde, vieram os colchões de espuma e de molas. Como o setor calçadista era o principal cliente, foi desenvolvida uma área química, que passou a produzir solas e látex.
Em 1982, foram abertas as primeiras filiais da Lojas Herval, que reuniam materiais de construção,eletrodomésticos, móveis e ferramentas. A rede tornou-se forte nas cidades próximas e em outras regiões do Interior, chegando à Capital há apenas 15 anos, com foco no comércio de rua. Hoje, são 76 unidades, e a meta é abrir mais nove até o final do ano.
- A primeira geração do grupo se caracterizou pelo alto reinvestimento dos lucros na própria empresa - destaca Germano Grings, diretor do grupo e filho de uma das fundadoras.
Como a venda de muitos eletrodomésticos era feita por consórcio, em época de inflação alta, a empresa também passou a oferecer o modelo de financiamento para os eletros vendidos em suas próprias lojas. Atualmente, o foco é em veículos e imóveis. Somente em março o grupo contabilizou R$ 70 milhões em negócios nesse segmento.
Na primeira metade dos anos 2000, ocorreu a maior mudança. Acreditando que o nome Herval em vários negócios poderia criar problemas futuros de identificação para os consumidores, a empresa encomendou um estudo de marca para modificar a rede de varejo.
Em um processo que durou quatro anos, a Lojas Herval passou a se chamar ta- Qi.A troca foi efetivada em 2010. Grings conta que recebeu inúmeros e-mails de clientes contrários à mudança e outros questionando até o português da expressão. Junto com o novo nome, escolhido por representar a possibilidade de o consumidor encontrar todas as soluções dentro da própria loja, veio a reformulação das unidades, que passaram a ter ar-condicionado e o conceito self-service. Em três anos, a fixação da marca foi tão boa que a identificação dos clientes é considerada melhor do que a rede original.
Outro divisor na história da empresa ocorreu na mesma época, quando Grings recebeu a visita deum vendedor que queria sugerir ao grupo a venda de produtos da gigante Apple nas lojas taQi. Inicialmente, o diretor rechaçou a ideia, mas descobriu que havia uma oportunidade de negócio e decidiu se reunir diretamente com os representantes da multinacional no país. Após outras reuniões, nasceu a iPlace, hoje uma das principais empresas da Herval.
Inaugurada em março de 2010, a rede já conta com 30 lojas no país, representa 20% do faturamento do grupo e avança rapidamente para se tornar a maior revendedora (ou APR - Apple Premium Reseller) da Apple na América Latina.
- No dia da inauguração da filial do Shopping Iguatemi, em Porto Alegre, tinha tanta gente que eu virei segurança para evitar que o vidro da loja se quebrasse e alguém saísse machucado - relembra.
E o grupo olha para o futuro sem medo de diversificar ainda mais os negócios. Grings conta que o foco é continuar crescendo no Estado. Uma das ideias é de um modelo da rede taQi para shoppings. Mas outras parcerias dos moldes da iPlace e da HP Store (que vende produtos HP) não estão descartadas. Assim, o grupo espera faturar cerca de 20% a mais do que no ano passado.
- Estamos mantendo esse nível de crescimento desde 2000. A meta é sempre crescer dois dígitos, e o primeiro nunca é o um - brinca Grings.