Após ser selado nesta terça-feira o acordo com a Foton Aumark do Brasil para a construção de uma fábrica de caminhões chineses em Guaíba, o governo gaúcho e a empresa partem agora para a atração de sistemistas. Além do terreno reservado para a montadora, que vai investir R$ 250 milhões para iniciar a produção a partir de 2015, uma área contígua de 500 mil metros quadrados está assegurada para a formação de um condomínio de fornecedores.
- Vamos começar com um grupo de cinco empresas chinesas de autopeças que virão, não apenas para fornecer para a Foton, e sim para entrar no mercado das outras (montadoras). A ideia original é (que se instalem) aqui, mas cada uma vai negociar com o Estado - explica o presidente da Foton Aumark do Brasil, Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-ministro das Comunicações.
Um dos interesses da empresa é a instalação de uma fábrica de cabines. A ofensiva do Estado para conquistar os sistemistas inclui uma missão à China em novembro, com a participação de representantes da empresa, e a criação de um grupo especializado em negociar com empresas chinesas na Sala do Investidor, estrutura criada para centralizar negociações para a conquista de novos projetos e ampliações.
- Estamos com vários contatos preliminares. Vamos à China sob a orientação deles (Foton) - diz o secretário de desenvolvimento e promoção do Investimento, Mauro Knijnik.
A Foton Aumark do Brasil, companhia cujo sócio majoritário é o próprio Mendonça de Barros, é representante no país da Beiqi Foton Motor Co. Ltd, grupo ligado ao partido comunista de Pequim com faturamento da ordem de US$ 65 bilhões, 40 mil funcionários e vendas anuais de cerca de 650 mil caminhões de 11 marcas - uma delas, a Aumark. O empreendimento será da empresa brasileira e, após 12 anos, os chineses tem a opção de comprar parte ou a totalidade da fábrica.
Além do mercado nacional, a fábrica atenderá o Mercosul.
Para o governador Tarso Genro, a importância do empreendimento supera o valor investido, comparativamente pequeno ante outros projetos anunciados para o Estado.
- Neste sentido, o valor do investimento tem de ser compreendido em outra dimensão, pelos efeitos que ele produz na economia e no conjunto da base produtiva que se associa a este projeto empresarial - avaliou Tarso.
Além de um empréstimo-ponte de R$ 40 milhões do Banrisul enquanto não é liberado o financiamento do BNDES, a Foton Aumark terá os benefícios previstos no Fundopem. Da prefeitura de Guaíba, ganhará a isenção de ISSQN na fase de construção e de IPTU por 25 anos.
As negociações com a Foton Aumark iniciaram no final do ano passado, mas em julho a empresa anunciou que se instalaria no Rio de Janeiro. Como as áreas ofertadas para receber a unidade não agradaram a companhia, as tratativas com o Estado foram retomadas.
O CRONOGRAMA DA FOTON
- Terraplenagem ainda este ano e início das obras em fevereiro de 2014
- Antes de começar a produzir, poderá importar até 3 mil caminhões, conforme acordo com o governo federal, que enquadrará a empresa no programa Inovar Auto
- A produção em Guaíba inicia em 2015. A capacidade será de 21 mil veículos/ano, com um índice de nacionalização de 15%
- Em 2017, o índice de nacionalização deve chegar a 65%
- Em 2018, com a instalação dos sistemistas, a capacidade deve subir para 50 mil veículo/ano
Os veículos que serão produzidos
- Caminhões da marca Aumark de 3,5 a 24 toneladas
Número de empregos
- Cerca de 300 a partir do segundo semestre de 2015