Preocupados com sua independência, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que reúnem 43% da população e produzem um quarto do PIB do planeta, querem se dotar de instituições e mecanismos comuns que os permitam contornar um sistema mundial atualmente dominado pelo Ocidente, do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Banco Mundial, passando pelas agências de classificação de risco.
Além da criação de um banco de desenvolvimento, o Brics poderá também ter à disposição parte de suas reservas cambiais - 4,4 trilhões de dólares, segundo Pretória, sendo três quartos de Pequim - para que se ajudem mutuamente em caso de choque conjuntural.
Esse fundo comum, que os permitirá evitar um recurso ao FMI, deve ser dotado de 100 bilhões de dólares, de acordo com o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini. Os cinco países também devem discutir as criações de uma agência de classificação de risco, de um mecanismo de resseguros, de um conselho de empreendedores e de uma instituição de classificação de universidades. Também discute-se a criação de um cabo submarino que permitiria transmitir dados em alta velocidade do Brasil para a Rússia via África do Sul, Índia e China, em um projeto de 1,2 bilhão de dólares.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, deve de juntar aos presidentes brasileiro, russo, chinês e sul-africano durante a noite para um jantar de gala, mas com o prato principal das conversas entre os cinco líderes previsto para a manhã de quarta-feira.
O encontro chegará ao fim na quarta à tarde com um evento organizado em um hotel de luxo cerca de cinquenta quilômetros ao norte de Durban, com uma delegação de chefes de Estado africanos, provenientes principalmente da Costa do Marfim, do Egito, de Moçambique, de Uganda, do Senegal e do Chade.