Época de aguardadas transformações, a virada do século 21 também assinalou uma profunda mudança nos negócios do grupo SLC, fundado em 1945 pelo engenheiro alemão Frederico Logemann e por Balduíno Schneider. Foi em junho de 1999 que a fabricante gaúcha de máquinas e implementos agrícolas, que desenvolvia produtos com a tecnologia da americana John Deere, acertou a venda da unidade para o grupo dos EUA. O negócio dividiu a história da empresa e permitiu que a SLC investisse em outros segmentos.
A partir do início da década seguinte, vieram operações nos setores de alimentos (SLC Alimentos), revenda de máquinas agrícolas (SLC Comercial) e ferramentas para a indústria (Ferramentas Gerais, adquirida em 2001), que se somaram à agricultura, onde o grupo já atuava.
Fundada em Horizontina há 67 anos, a Schneider Logemann começou suas atividades com uma serraria, um moinho de trigo e uma oficina mecânica. As possibilidades de crescimento da empresa se apoiavam no avanço das lavouras no Estado. Dois anos depois, os fundadores (já com a família Ullmann entre os sócios) decidiram fabricar as próprias máquinas agrícolas (trilhadeiras, inicialmente), de acordo com as necessidades dos produtores de milho e soja da região.
Outro ano marcante para o grupo foi 1965, quando ocorreu o lançamento da primeira colheitadeira automotriz do Brasil, produzida na fábrica de Horizontina e equipada com motor a gasolina feito para caminhões e na cor vermelha, que representava a empresa.
Com o lançamento da série 1000, no início da década seguinte, as vendas aceleraram e consolidaram a empresa no setor. O bom desempenho atraiu o interesse da John Deere, e os anos seguintes de namoro resultaram na criação de uma joint venture em 1979, quando a SLC passou a utilizar a tecnologia (e o nome) da empresa americana para desenvolver novos produtos.
E é no setor primário que está a principal receita da SLC atualmente. A SLC Agrícola corresponde a cerca de 50% do faturamento do grupo, enquanto os outros braços respondem pelo restante. Criada a partir em 1977, a SLC Agrícola tinha três fazendas no Estado, voltadas à produção de soja, milho, algodão e trigo. Devido ao clima e à necessidade de áreas mais extensas de terra, a empresa comprou uma fazenda em Goiás, de olho na diversificação.
Atualmente, são 14 fazendas espalhadas em seis Estados, com uma média de 25 mil a 35 mil hectares de área. Mais de 90% do algodão colhido é exportado para empresas asiáticas, e cerca de 70% da soja (que corresponde a 50% da área total plantada) também vai para o mercado externo.
No Rio Grande do Sul, não há mais nenhuma propriedade, justamente pela falta de áreas desse porte. Neste ano, será inaugurada a 15ª unidade, chamada Pioneira. Aliás, todos os nomes das fazendas começam com a letra P e têm
oito letras, como Pamplona, Perdizes, Planalto, Pejuçara, Paineira, Palmares e Piratini.
- Foi uma coincidência, por causa dos nomes das fazendas gaúchas. Agora, virou uma exigência - ressalta o diretor-presidente da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, que assumiu o cargo no início deste ano.
E 2007 foi mais uma época marcante para o grupo SLC, quando tornou-se uma das primeiras empresas eminentemente agrícolas a abrir capital em bolsa de valores. Conforme o presidente do grupo, Eduardo Logemann, neto do fundador, a estratégia tinha um objetivo bem definido:
- A intenção principal era captar recursos de investidores para comprar novas terras e aumentar a área plantada - explica Logemann.
O grupo projeta crescimento de cerca de 10% no faturamento neste ano, sobre os quase R$ 2,3 bilhões de 2012. A empresa pretende saltar dos 280 mil hectares plantados para 700 mil em 2017, com a aquisição de seis ou sete fazendas. A América Latina e a África são destinos possíveis.
Perfil
SLC Agrícola
- Funcionários: cerca de 2,7 mil
- Faturamento 2012: R$ 1,118 bilhão
- 14 fazendas em seis Estados brasileiros: Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí e Bahia
Ferramentas Gerais
- Funcionários: 1.583
- Faturamento 2012: R$ 614,7 milhões
- Previsão de faturamento em 2013: R$ 684,5 milhões
SLC Alimentos
- Funcionários: 448
- Faturamento 2012: R$ 359,7 milhões
- Previsão de faturamento em 2013: R$ 443,8 milhões
SLC Comercial
- Funcionários: 136
- Faturamento 2012: R$ 135 milhões
- Previsão de faturamento em 2013: R$ 151,7 milhões