Assinado nesta quinta-feira, um projeto envolvendo a Superintendência do Porto de Rio Grande (Suprg) e a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) pretende dar um final ecológico ao material retirado nas dragagens do canal de acesso à barra do sul do Estado. A ideia é transformar os cerca de 8 milhões de metros cúbicos de sedimentos do fundo do mar em energia elétrica e produtos para a construção civil.
Orçada em R$ 600 mil, a segunda etapa do projeto chamado Bioconversão dos Sedimentos de Dragagem do Porto do Rio Grande em Energia Elétrica montará a planta-piloto e analisará a capacidade de separação dos microorganismos da areia que compõe o sedimento. Além disso, também será avaliada a possibilidade de ampliar a densidade da potência da geração de energia. O plano tem aprovação da Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do governo do Estado.
Segundo o pesquisador Fábio Santana, coordenador do projeto, a ideia é aproveitar o metabolismo dos microorganismos que compõem os sedimentos do fundo do canal. Durante uma saída de campo para acompanhar a dragagem, ele e a professora Christiane Ogrodowski constataram um forte odor característico dos seres capazes de gerar eletricidade, chamados sulfato redutores. Assim, decidiram estudar sua presença no solo e concluíram ser possível reaproveitar o material.
O próximo passo é estudar a melhor forma de separação das partículas. A partir disso, os microorganismos serão conduzidos a uma espécie de usina, que ficará localizada em um píer. Já a areia, limpa, poderá ser usada também na construção civil. O reaproveitamento do material de dragagem e sua consequente agregação de valores não está em qualquer bibliografia, segundo Santana.
- Pela nossa análise, temos potencial para gerar uma fonte alternativa de energia capaz de fornecer até 5,8 megawatts por hora, o equivalente a uma usina de grande porte - comenta Santana.
Para Dirceu Lopes, superintendente do Porto, o projeto poderá inspirar outros portos do mundo que precisam de dragagem. Em Rio Grande, além de reaproveitar o material, o plano também trará outros benefícios, como o fim da necessidade de transportar os sedimentos a longas distâncias. Segundo a Suprg, mais de R$ 50 milhões foram investidos em dragagem no último ano. A estimativa é que quase metade do valor esteja ligado à logística de depositar o material a 23 milhas (cerca de 30 km) longe das margens.
A ideia dos pesquisadores é que o projeto possa entrar em execução a partir de 2016.
Tecnologia
Projeto quer transformar restos de dragagem em energia elétrica
Segunda etapa do plano foi apresentada nesta quinta-feira em Rio Grande
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