De Roberto Carlos a Sting, de Chico Buarque a Green Day, de Ivete Sangalo a The Cure, de Bailei na Curva ao Ballet de Leningrado. Muitas das principais atrações que se apresentaram em solo gaúcho nos últimos anos foram trazidas pela Opus, empresa criada no bairro Menino Deus, em 1976, por Geraldo Lopes, com o objetivo de produzir shows locais.
Até então carente de atrações internacionais, a cidade, em poucos anos, começou a receber grandes espetáculos trazidos pela Opus, como Ray Charles e Genesis, no final dos anos 1970. Mas foi na década seguinte que a produtora se destacou no cenário local, com atrações como Sting, The Cure e Menudos.
Nessa época, já fazia parte da equipe o jovem Carlos Konrath, que havia ingressado como office-boy com a meta de aprender a produzir shows e eventos para colocar em prática no Grêmio Estudantil do Colégio Piratini, que presidia na época. Em 1992, Konrath tornou-se sócio de Lopes no comando da empresa.
Desde o início, o foco continua o mesmo: proporcionar cultura e entretenimento aos gaúchos, conforme explica Konrath. O diretor ressalta que, nos anos 1970, muitos atrações que chegavam ao Brasil não paravam em Porto Alegre.
- As maiores dificuldades eram a capacidade limitada das casas e a própria localização geográfica de Porto Alegre, que tornava os custos ainda mais altos - explica.
Em quase quatro décadas, a Opus contabiliza a produção de cerca de 800 shows, 500 peças teatrais e 200 espetáculos de dança, além de outras atrações, assistidas por mais de
6 milhões de pessoas.
Em mais de 30 anos atuando no segmento, Konrath conta que realizou o sonho de trazer à cidade shows de ídolos, como o de Eric Clapton e o de Elton John, que se apresentará em Porto Alegre no próximo mês de março. Além disso, muitos artistas acabaram se tornando seus amigos, casos das atrizes Eva Wilma e Cláudia Raia e do ator Miguel Fallabela.
Em 2013, a empresa investirá em atores e diretores locais
As complexidades, os obstáculos e o aprendizado tornaram a empresa uma referência no país. Como resultado, há oito anos ocorreu a principal mudança: a Opus passou a administrar teatros dentro e fora do Estado. O primeiro surgiu em uma parceria com a Cia. Zaffari no Teatro do Bourbon Country.
A experiência foi tão bem-sucedida que outros empreendimentos se seguiram: o Teatro Feevale, em Novo Hamburgo, o Teatro Bradesco, em São Paulo, o Teatro Riachuelo, em Natal, e o remodelado Araújo Vianna, em Porto Alegre. Em fevereiro, o sexto teatro começa a operar: mais um Teatro Bradesco, desta vez, no Rio de Janeiro. A meta para 2013 é assumir o controle de mais quatro teatros no país. Para isso, oito projetos estão em análise, um deles no Rio Grande do Sul.
Konrath explica que ao administrar um teatro, a Opus controla desde a programação até os pequenos detalhes. Tamanho cuidado fez com que empresas que não atuavam no mercado do show business procurassem a Opus para administrar teatros com o pagamento de naming right (direito sobre o nome do empreendimento). Foi o caso dos teatros de Natal, Rio de Janeiro e São Paulo.
Todas as casas de espetáculos controladas pela Opus foram construídas com dinheiro de investidores, sem incentivos fiscais ou dinheiro de bancos públicos. Konrath diz que isso é fundamental para que a programação cumpra seu papel social, mas também permita que os locais possam receber eventos privados, como formaturas e festas. Mesmo assim, a Opus investe ainda em projetos sociais. Neste ano, foram sete eventos, que permitiram o acesso de 11,4 mil pessoas a eventos culturais.
O diretor destaca, com orgulho, a reforma do Teatro Araújo Vianna, em Porto Alegre, que exigiu um investimento de R$ 18 milhões, patrocinada por vários parceiros. Como resultado, a cidade ganhou um espaço para
3 mil pessoas sentadas.
- Com maior quantidade de assentos, o custo do ingresso fica mais barato - garante.
Para 2013, Konrath revela que a Opus pretende produzir talentos locais e investir na produção de conteúdo, com a contratação de uma equipe completa de atores e diretores para a montagem de espetáculos.