O difícil contorno de uma crise vivida em 2007 fez a Intecnial, de Erechim, no norte do Estado, renascer. Depois de sofrer para atender exigentes prazos do mercado de biodiesel - como um contrato com a Petrobras, por exemplo -, a empresa reorganizou prioridades e investiu em qualificação. O resultado é a atual liderança no segmento de equipamentos para produção de biodiesel na América do Sul.
A Intecnial nasceu em 1968, na época Instaladora Técnica Industrial. Pequena, a empresa se dedicava a fazer instalações elétricas, hidráulicas e mecânicas para terceiros. Em poucos anos, começou a fabricar equipamentos e a montar instalações industriais. O segundo segmento cresceu tanto que em 1987 a empresa montou a Sul Montagens Industriais para executar projetos e montagens eletromecânicas sob encomenda. Enfim, a Intecnial passava a fabricar fábricas.
As parcerias estratégicas de tecnologia com a americana Crown, que vieram com a primeira exportação da Intecnial, em 1993, foram o pontapé para que a empresa se consolidasse como líder na América do Sul, com a fabricação da linha para processamento de biodiesel, com extração de óleo vegetal.
O esforço dos últimos 12 anos em parcerias e diversificação setorial rendeu uma série de trabalhos de grande porte, como plantas de papel e celulose em 2001 e o início de projetos em óleos vegetais no Brasil e na Argentina, dois dos maiores do mundo no setor.
Com o avanço da pesquisa no setor de biodiesel, em 2006, projetos logísticos de grande porte começaram a ser desenvolvidos e quatro plantas industriais foram instaladas para clientes: em Montes Claros (MG), Candeias (BA), Quixadá (CE) e na gaúcha Passo Fundo.
A estruturação das áreas de energia renovável, com etanol, biomassa e energia eólica, chegaram com a implantação de uma das maiores plantas de celulose do mundo. No entanto, a trajetória de crescimento da empresa não deixou a Intecnial livre das crises.
Um grande contrato com a Petrobras, em 2007, para atender ao mercado de biodiesel, provocou um dos maiores obstáculos vividos pela empresa, motivado por atrasos e renegociação de prazos.
- Cumprir prazos num contrato de alta exigência como os da Petrobras não é brinquedo - conta o diretor superintendente Fernando Becker.
A barreira motivou a empresa a adequar-se às exigências do cliente e do mercado. Com a crise contornada, a Intecnial se fortaleceu e ampliou a atuação em logística com a Petrobras para, em 2009, se qualificar em montagens industriais em óleo e gás. Gerar combustível de forma sustentável está entre os principais desafios industriais contemporâneos, abrindo espaço para os principais segmentos de atuação da empresa: agronegócios, energia e logística.
Focada em ampliar sua participação nos segmentos em que atua, a empresa voltou seus investimentos para aperfeiçoar a tecnologia dos processos e produtos que vende, como biocombustíveis e energias renováveis, responsáveis por uma significativa participação na receita da Intecnial. O segmento naval foi o que ganhou a maior atenção no último ano.
Apesar de estar na área há 10 anos, o trabalho em parceria com terceiros foi substituído pelos próprios estaleiros, onde começam a ser construídos barcos de médio porte, como os supply boats, com cerca de 90 metros de comprimento. São produzidos desde os mais simples rebocadores até embarcações para atender a trabalhos de derramamento de óleo, com alta tecnologia.
Assim, tiveram início as unidades da Intecnial em Taquari (RS) e em Navegantes (SC), com investimentos superiores a R$ 4 milhões para construção de barcos de suprimento de plataformas. Mas o investimento não para por aí.
Há três meses, a empresa anunciou investimento de R$ 30 milhões em 2013, para ampliar a planta industrial de Taquari, no polo naval do Jacuí, gerando mais 250 vagas. Além de outras embarcações, a Intecnial pretende construir módulos elétricos para plataformas de petróleo.
- É a parte nervosa da plataforma, o que nos leva de volta às origens da empresa, mas numa proporção gigantesca - comemora Becker.
Para o diretor da empresa, o que mantém a Intecnial em ascensão constante é o posicionamento estratégico com abrangência de várias frentes e a busca constante por novas tecnologias. Mas, acima disso, uma procura incessante por soluções para atender a qualquer demanda.
- É praticamente uma meta interna. A gente sangra, mas não deixa um cliente na mão - avalia Becker.