O Google pode colecionar links, mapas, previsão do tempo, vídeos, conversores de moedas, informações pessoais de bilhões de usuários de suas ferramentas ao redor do mundo e muitos outros recursos, mas tem como principal desafio incorporar em seus produtos aquilo que para nós é natural: a compreensão do contexto e a transformação destes dados em conhecimento relevante.
É nisso que trabalha a equipe do brasileiro Berthier Ribeiro-Neto, diretor de engenharia do Google na América Latina e professor de Ciências da Computação na UFMG. Berthier explica que a evolução da ferramenta de busca é aprimorar a sua capacidade de fazer inferências, ou seja, perceber que, quando o usuário digita "tempo porto alegre" na caixinha de texto, a chance é alta de ele estar na verdade querendo saber a previsão do tempo para a cidade. Nem todas as deduções são assim tão óbvias, e é comum a ferramenta errar nas suas tentativas de descobrir a intenção por trás da pergunta do usuário. Algumas das dificuldades devem-se às barreiras impostas pelo idioma, outras porque o Google nem sempre sabe onde a pessoa está quando faz a busca.
- Estamos em um estágio preliminar em que não há uma percepção de contexto ou essa percepção é muito pobre. O ritmo de desenvolvimento é muito rápido e a velocidade da evolução é crescente. Em um mundo com mais pessoas com acesso à educação, as possibilidades de evolução são muito mais espetaculares do que jamais foram.
Seguir um script de conversa não é difícil, esclarece Berthier. O complicado é a busca perceber o que para nós é claro, o contexto. E há limitações sérias: nenhum programa reconhece quando o seu usuário está brincando, e nem é capaz de distinguir quando uma conversa próxima não é com ele.
O fato de a internet estar se tornando mais social acrescenta informações que ajudam a aumentar a inteligência da busca:
- Se você tem cem amigos na sua rede social e 10 deles gostam muito de um restaurante grego no Rio de Janeiro. Quando você viaja para lá e pergunta sobre restaurantes gregos, devemos não apenas mostrar os resultados, mas informar quais são dicas dos seus amigos.
É por isso que o Google entende o Google+ não como uma rede social, mas como um grande projeto de integração social de todos os seus produtos. E uma das consequências deste projeto é a evolução dos resultados da busca. Do delicado equilíbrio com os controles de privacidade ao território já ocupado pelo Facebook, o projeto enfrenta grandes desafios:
- Pegamos informações que seus amigos compartilharam com você e organizamos estas informações para mostrá-las para você. Estamos nos estágios iniciais, sabemos que os usuários vão pedir mais e mais este tipo de informação e estamos avançando, mas avançando com cuidado. A informação no Facebook está fechada, então não temos acesso, não podemos indexá-las. Gostaríamos de poder indexá-las porque reconhecemos que elas podem ter valor para os usuários das nossas tecnologias. Nosso princípio sempre foi a de que a web é muito mais valiosa para todos nós se ela é tratada como uma plataforma aberta. É aí que nos colocamos, é nisso que acreditamos.
* Viajou ao Chile a convite do Google
Busca inteligente
Google evolui para desvendar intenções dos usuários da ferramenta de pesquisa
A internet mais social acrescenta informações que ajudam a aumentar a eficiência da busca
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