A recente escalada de preços do petróleo no mercado internacional, beirando os 20% no ano, reforça a expectativa de alta da gasolina e do óleo diesel no Brasil ainda no primeiro semestre. Nos derivados que não seguem a política de preços estáveis da Petrobras, os reflexos do aumento já são sentidos, como nos plásticos.
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Embora a estatal evite repassar ao mercado interno variações bruscas na cotação do barril, a opinião de especialistas é de que a situação se tornou insustentável. A defasagem entre a cotação do petróleo no Exterior e o preço vendido no Brasil já supera os 30%.
- Os valores da gasolina e do óleo diesel estão congelados nas refinarias desde 2008. A Petrobras vem acumulando prejuízos, não há como manter essa política - aponta Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
No ano passado, a Petrobras deixou de arrecadar R$ 7 bilhões para manter estáveis os preços da gasolina e do óleo diesel. Só em janeiro deste ano, o prejuízo foi de R$ 1 bilhão. O cenário é influenciado também pelo aumento substancial do consumo da gasolina no país, consequência do preço alto do etanol.
Nos dois primeiros meses do ano, a demanda do combustível fóssil cresceu 32%, em relação ao mesmo período do ano passado, reforçando a necessidade de importação do produto.
Conforme Pires, os efeitos negativos de não mexer no preço da gasolina são maiores do que os impactos na inflação que um reajuste geraria. Ele argumenta que o valor artificial impede o crescimento do consumo dos combustíveis renováveis e aumentam os congestionamentos nas cidades.
- Esse é o momento de mexer nos preços, antes das eleições e num período de inflação controlada - acrescenta o consultor.
No cálculo de economistas, o reajuste de 10% na gasolina e no óleo diesel nas refinarias seria suficiente para equilibrar os preços externos com os domésticos. O aumento que chegaria ao consumidor final seria, em média, de 4%.
- Na economia, não existem preços que não sobem - aponta Thiago Curado, analista da Tendências Consultoria, apostando em reajuste em meados de maio.
O presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, avalia que há espaço para aumento de preços.
- O consumidor está habituado a reajustes em vários itens de consumo - pondera Vaz.
Impacto na bomba
Alta do petróleo eleva preços e pressiona por reajuste na gasolina
Especialistas estimam que a elevação dos derivados deverá ocorrer ainda no primeiro semestre
Joana Colussi - Direto da Índia
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