O fechamento de unidades destinadas à produção de calçados para exportação tem se tornado comum no Estado. Grandes indústrias, como a Vulcabras/Azaleia, de Parobé, e a Paquetá, de Sapiranga, optaram no ano passado por concentrar a fabricação de calçados para exportação em outros países.
Na segunda-feira, mais 700 pessoas perderam o emprego após o anúncio do fechamento da empresa Doublexx, empresa instalada em Estância Velha, no Vale do Sinos, e que mantinha filiais em Boa Vista do Buricá, Horizontina e Humaitá.
Para Maria Lucrécia Calandro, economista da Fundação de Economia e Estatística, a situação tende a se repetir.
- A concorrência de calçados produzidos em países onde o custo de produção é muito menor e a política de valorização do real frente ao dólar fizeram com que os exportadores gaúchos perdessem competitividade. Infelizmente outras empresas devem fechar ou se transferir - afirma.
Entre janeiro e outubro de 2011 as exportações gaúchas perderam 24% em volume, se comparado com o mesmo período do ano anterior. O Estado também teve 14% a menos em faturamento.
- Anteriormente, havia queda de volume, mas o calçado de maior valor agregado fazia com que não se perdesse em faturamento. Nos últimos dois anos, no entanto, a situação se complicou - lembra a economista.
Investir em calçados com alto valor agregado é o caminho apontado por Maria Lucrécia para que indústrias gaúchas continuem exportando.
- A Doublexx tinha como principal cliente os Estados Unidos, um mercado já dominado pela China. As empresas do Estado devem se preparar para vender um calçado melhor, que não entre na competição por preço com os asiáticos, e procurar clientes em outros países - ressalta a especialista.
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