A produção leiteira evoluiu nos últimos anos no Brasil, mas ainda tem potencial para agregar e qualificar o seu potencial produtivo. Essa é a avaliação da zootecnista e diretora de pesquisa e projetos da MS.DC Consultoria, Maryon Strack Dalle Carbonare.
Nesta quinta-feira (9), Maryon apresentou o painel "Pré-Secado no aumento da lucratividade da propriedade leiteira", no Auditório da Produção, na 23ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, com a participação de mais de 100 produtores rurais.
A partir da pré-secagem, os alimentos volumosos compõem a dieta de bovinos e fazem a diferença na produtividade e na qualidade do leite que chega ao consumidor.
— O alimento volumoso é parte fundamental na qualidade do leite. Não temos muitas pessoas abordando o assunto no país. Falta falar mais tecnicamente, buscar mais informações, aprimorar a prestação de serviço e o conhecimento das máquinas. Com isso, temos potencial enorme de crescimento — enfatiza a zootecnista.
A forma correta de armazenamento com o objetivo de manter a qualidade nutricional do alimento, o processo do produto e seus impactos na qualidade do volumoso foram alguns dos pontos citados no painel. Toda essa cadeia, que inicia com o pré-secado, como alternativa na dieta de vacas leiteiras e com foco na qualidade proteica, visa o aumento da lucratividade para os produtores.
— Os três estados do Sul conseguem produzir pré-secados de extrema qualidade no inverno, o que tem sido muito importante. No Rio Grande do Sul, algumas regiões que passaram por estiagem, tiveram o alimento para os animais garantidos pela produção deste volumoso — argumenta Maryon.
O "alimento volumoso" é aquele que tem um teor de fibra bruta superior a 18% na matéria seca, como capins verdes, silagens, fenos e palhadas. Eles são oferecidos em grande quantidade ao animal, diferente dos concentrados, como grãos de cereais e farelo de soja, por exemplo
Mudanças nas lavouras
Buscando conhecimento na produção leiteira na Expodireto, o produtor rural Caetano Corrêa, de Ajuricaba — localizada na região noroeste do Estado e a mais de 140 quilômetros de Não-Me-Toque —, conta que o manejo do gado leiteiro passou por uma grande transformação nas últimas décadas.
Desde a mudança de ambiente até a higienização das vacas, por meio de uma ordenha mais qualificada e regrada em horários, o processo de produtividade segue em evolução.
— O cenário é bem diferente de outras épocas. É uma série de mudanças que fazem a diferença na qualidade do leite. Hoje temos vacas mais confinadas, com um ambiente sem barro e uma estrutura melhor, sem umidade. A vaca tem mais conforto, gera um leite melhor, com uma produção maior — pontua.
Sobre o volumoso, o cuidado é para manter uma alimentação balanceada e proteica para o gado leiteiro.
— A dieta é bem controlada, não se pode alterar. Tem a parte nutricional, balanceada, porque a dieta muda muito a qualidade do leite para o consumidor — completa o produtor.
Fórum discutiu abertura de mercados
O leite também foi pauta na Expodireto nesta quinta-feira no 18º Fórum Estadual do Leite. Foram debatidas estratégias para vencer barreiras comerciais e ambientais para avançar rumo a novos mercados. Para isso, ajustes básicos no sistema de custo e de tratos, relacionados à sustentabilidade na produção láctea brasileira devem ser realizados.
— O Brasil tem ampla capacidade de produção, com abundância de luz, terras e grãos. Mas temos visto leite conseguindo entrar no nosso mercado de outros países. Há coisas a serem feitas além das barreiras tarifárias — disse o presidente da CCGL e diretor-secretário do Sindilat/RS, Caio Vianna.
GZH Passo Fundo
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