Um levantamento comandado pelo Instituto AzMina monitorou o perfil de 123 candidatas às prefeituras e câmaras municipais no Twitter e apontou que elas foram alvo de pelo menos 40 xingamentos online por dia durante um mês. Realizada em parceria com o InternetLab e o Instituto Update, a pesquisa foi divulgada nesta quinta-feira (5).
O MonitorA tem por objetivo avaliar o fenômeno da violência e do discurso de ódio contra as mulheres no âmbito da disputa política e de sua intensidade no ambiente virtual. Na primeira fase de coleta de dados, realizada entre 27 de setembro e 27 de outubro, foram analisados os comentários no Twitter sobre candidatas de nove partidos que concorrem a cargos de vereadoras, prefeitas e vice-prefeitas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pará, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Foram identificados 93 mil tuítes com referência às candidatas monitoradas, sendo que 11 mil contavam com termos ofensivos. Para a avaliação, o levantamento considerou apenas as manifestações que geraram engajamento (like e/ou retweet) - o recorte chegou a 1,2 mil postagens com xingamentos, ou seja, cerca de 40 por dia.
Os comentários de cunho negativo apelam, em sua maioria, a estereótipos relacionados ao corpo, à sexualidade, à estética e à beleza. Os termos ofensivos foram classificados de acordo com os atributos a que se referiam, como ofensa moral, intelectual (a exemplo do termo"comunista", utilizado com cunho pejorativo e que encabeça a lista), aparência física, descrédito, gordofobia e transfobia, entre outros.
Na mira dos ataques
As 10 mulheres que mais sofreram ataques pertencem a partidos de diferentes posicionamentos ideológicos. Quem recebeu a maioria dos tuítes ofensivos foi Joice Hasselmann (PSL), candidata à prefeitura de São Paulo - os xingamentos foram principalmente relacionados à gordofobia. Já a segunda colocada no ranking foi Manuela D’Ávila (PCdoB), candidata à prefeitura de Porto Alegre, que foi alvo de ofensas como "bandida" e "hipócrita" - não há outras gaúchas figurando na lista nesta primeira etapa do levantamento. Na sequência, está Benedita da Silva (PT), no Rio de Janeiro, alvo, principalmente, de racismo e machismo.
O monitoramento seguirá durante toda a campanha eleitoral, no primeiro e segundo turno, e deverá contemplar também outras redes sociais como Instagram e YouTube. A ferramenta de análises de dados utilizada para realizar o levantamento foi desenvolvida pela empresa Volt Data Lab. Veja mais dados do levantamento no site do Instituto AzMina.