Esta crônica será publicada na edição de domingo, 29 de dezembro, que é justamente... O dia do meu aniversário!!! É claro, portanto, que o tema será este. Vou aproveitar a oportunidade para pedir encarecidamente aos casais que quando programarem encomendar um bebê, que pensem um pouco na felicidade desta criança e calculem um mês legal para ela nascer. Porque, convenhamos, fazer aniversário em dezembro, ainda mais entre o Natal e o Ano-Novo, ninguém merece.
Quando eu era criança tinha que optar em fazer minha festinha de aniversário antes de terminar as aulas, no final de novembro, ou então depois das férias, em março (naquele tempo tínhamos quase três meses de folga) se eu quisesse que todos os meus amigos comparecessem. Isto porque no final de dezembro a maioria dos colegas estava fora, passando as festas na casa dos avós ou na praia. Eu morava numa cidade do interior, que ficava praticamente deserta no verão.
Quando insistia em comemorar na data exata do meu nascimento (que graça tem festejar um mês antes ou depois?), além do baixo quórum habitual (eu ficava sempre com medo de que não aparecesse ninguém) ainda tinha que ouvir brincadeiras do tipo: "esta torta fria é com as sobras do peru do Natal?".
Tem ainda outro problema, que era bem importante na época: os presentes. Ah, que tristeza. Com exceção dos meus pais, que sempre me deram presentes separados, de Natal e de aniversário, todos os outros parentes me davam um só e diziam: "olha, estou te dando um presente melhor porque já é de Natal e de aniversário". Pura balela. Podia ser até um parzinho de meias, que a frase era sempre a mesma. Sorte teve meu irmão que nasceu em julho. Nas férias de inverno ninguém viaja. As festas dele eram mais concorridas e ele sempre ganhou mais presentes.
Mas o tempo passou. Infelizmente, rápido demais. Sinto falta daquele friozinho na barriga de ansiedade que me dava cada vez que a minha festinha estava pronta, tudo decorado, mesa arrumada, balões pendurados, bolo enfeitado. Será que vem alguém, mãe? Ela conseguia me convencer de que tudo daria certo. E eu curtia demais aqueles momentos.
Hoje nem tento mais fazer festa. Todo mundo tem outros planos para esta época. Competir com o Menino Jesus e com o Réveillon não dá pé, já me convenci disso. Prefiro, então, sair pra jantar, erguer um brinde e _ o mais importante de tudo _ agradecer por mais um ano, com saúde e perto das pessoas que amo. Não existe presente melhor no mundo.
Fazer aniversário em dezembro, ainda mais entre o Natal e o Ano-Novo, ninguém merece
Viviane Bevilacqua
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