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Fim de semana de sol, destes de pré-verão. Melhor época para ir à praia, porque ainda não tem tanta gente e não é preciso disputar lugar na areia. Dá para deixar as crianças soltas, brincando, e cuidar dos pequenos de longe. O importante é ficar sempre de olho neles. Afinal, o mar é perigoso. E o sol também.
O problema é que muitos pais não se dão conta de que têm esta responsabilidade, e só pensam em seu próprio prazer. Foi revoltante uma cena que presenciamos na semana passada.
Estávamos com um casal de amigos, que tem duas filhas pequenas. As meninas, depois de completamente lambuzadas de filtro solar, foram brincar na areia. Mesmo assim, a mãe delas decidiu chamá-las para a sombra do guarda-sol, para proteger a pele delicada das crianças. Lembrei que eu também fazia isso quando meus dois filhos eram pequenos ? e hoje, embora adultos, sempre pergunto se colocaram protetor solar na mochila, quando saem de casa.
Pois bem. Mal tínhamos nos acomodado na praia quando chegou uma turma de adultos, com duas crianças, uma ainda bebê (tinha no máximo um ano), e outra de três anos. Eles bebiam, fumavam, riam alto, se divertiam sem pensar nos pequenos. Uma festa. Enquanto isto, as duas crianças, muito clarinhas, brincavam por ali sem um pingo de filtro solar no corpo ou um chapéu para proteger pelo menos a cabeça e o rosto. A manhã passava e o sol esquentava cada vez mais.
Nós, já incomodados com aquela falta de atenção às crianças, convidamos as duas para sentar conosco, embaixo das barracas, na sombra. E aproveitamos para oferecer água e encher as duas de protetor solar. Foi quando notamos que a pequenininha tinha uma grande cicatriz de queimadura no peito.
Depois de algum tempo, a mãe das crianças veio perguntar se elas não estavam atrapalhando.
? Não, elas estão bem aqui. Pode deixar. Nós passamos um pouco de protetor nelas. Você se importa? ? minha amiga perguntou.
A mulher respondeu que tudo bem. Não tinha passado protetor nas crianças, pois não havia comprado. Aproveitamos para perguntar o que era a cicatriz no peito do bebê. Ela, rindo, respondeu:
? Ah, ela se queimou com café quente. Essa menina não para quieta!
Respondeu e deu meia-volta. Foi continuar a festa com os amigos. As crianças ficaram ainda um bom tempo na nossa barraca, até que decidimos ir embora. Devolvemos as meninas para o grupo. A mãe nem estava mais ali, só a avó (ou seja, a família toda, pelo jeito, é irresponsável).
Voltamos para casa comentando: gente assim, como essa mãe, nunca deveria ter filhos. Pobre destas crianças. Que futuro as aguarda?
Viviane Bevilacqua: crianças desprotegidas
Viviane Bevilacqua
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