O príncipe William, neto da rainha Elizabeth II, completa 40 anos na terça-feira (21), sendo esta uma etapa relevante para uma figura fundamental da família real britânica. Segundo na linha de sucessão ao trono, o duque de Cambridge entra para o clube dos quadragenários poucos meses depois de sua esposa Kate Middleton, que celebrou em janeiro. O casal é considerado o futuro da monarquia pelo povo do Reino Unido.
Enquanto aguarda o dia em que se tornará rei, William busca conciliar modernidade e tradição. Segundo o comentarista real Richard Fitzwilliams, ele tem aumentado seu apoio à rainha, ao lado do pai, príncipe Charles, de 73 anos,"e segue construindo uma identidade como futuro rei".
Com os anos, o herdeiro real ganhou o coração dos britânicos — entre os quais muitos desejam que ele suceda diretamente sua avó, no lugar de seu pai. Conforme o instituto de pesquisa YouGov, ele é o membro da realeza mais popular após Elizabeth II, de 96 anos, com 66% de opiniões favoráveis.
Transição
Desde que a rainha reduziu seus compromissos oficiais por motivos de saúde, William aumentou sua presença. Quando ela faltou ao "discurso do trono" que inaugura a nova sessão parlamentar em maio, o jovem príncipe acompanhou seu pai, o príncipe herdeiro, que substituiu a monarca.
William também intervém em decisões importantes, segundo a imprensa britânica, como por exemplo, quando se opôs à participação do príncipe Andrew, seu tio afastado por um escândalo sexual, da tradicional cerimônia da Ordem da Jarreteira em junho. Ele e Kate "são o futuro da monarquia", disse Fitzwilliams, "como demonstra sua aparição na sacada (do palácio de Buckingham)" junto à rainha durante as festas do Jubileu.
Inserido em seu papel desde que deixou seu cargo como piloto de helicóptero-ambulância em 2017, William planeja se mudar com a família do palácio londrinense de Kensington para uma casa de campo de quatro quartos no terreno do castelo de Windsor, onde mora Elizabeth II, o que lhe permitirá maior proximidade com a rainha e o núcleo familiar.
Monarquia "contemporânea"
Enquanto cumpre com suas obrigações da monarquia, William também se esforça para oferecer uma vida relativamente normal a seus três filhos de entre quatro e oito anos, depois de ter vivido uma infância marcada pelo divórcio de seus pais e a morte de sua mãe, a princesa Diana, em um acidente de carro em Paris em 1997, quando ele tinha 15 anos.
Alto, louro e com uma calvície crescente, William se apresenta como homem moderno, ajudando, por exemplo, seus filhos com os deveres durante os confinamentos. Também se mostra próximo ao povo, como sua mãe Diana. Em junho, foi visto em Londres vendendo a The Big Issue, uma revista britânica de pessoas sem-teto, uma de suas causas, assim como o meio ambiente e a saúde mental.
William foi "treinado" a ser tradicional por sua avó, assim como ela, durante os almoços de domingo em Windsor, quando estudava no Eton College, afirma Marc Roche, autor de vários livros sobre a monarquia britânica.
No entanto, "devido a sua geração, talvez por influência da mãe, tem grande sensibilidade pela diversidade e pela ecologia", acrescenta.
O príncipe não apenas demonstra seus sentimentos, como defende a família real em situações como a que envolveu a entrevista concedida por seu irmão Harry e sua esposa Meghan à televisão americana, na qual acusaram o clã de "racismo", o que William negou.
No entanto, ele reconhece a necessidade de modernização para que a instituição milenar sobreviva depois de Elizabeth II, quando a ideia de uma república ganha espaço entre os jovens. Tal consciência teria se acentuado após uma viagem em março com Kate ao Caribe, onde a monarquia foi criticada por suas matizes colonialistas.
"Uma das coisas que preocupam, especialmente a William, é a imagem da monarquia e como pode avançar", para convertê-la em uma instituição "relevante" e "contemporânea", segundo Fitzwilliams.