Cabideiros, ganchos, painéis: o aproveitamento vertical das divisórias faz toda diferença e, de quebra, os itens ajudam a decorar, como na cozinha com as panelas penduradas. Sabe aquele vão entre o guarda-roupa ou o armário da cozinha e o teto? Invista em caixas para que mais acessórios possam ser guardados. Micaela sugere que elas sejam de plástico ou madeira, fugindo do papelão, que junta mais sujeira.
Renata Maynart
Não é à toa que assistir semanalmente às dicas de organização da atriz e apresentadora Micaela Góes traz uma sensação de “papo de comadres”. Foi exatamente assim, arrumando a casa de uma grande amiga, que ela descobriu que aquele talento para a arrumação poderia virar profissão. Há cinco anos, o programa Santa ajuda exibe programas inéditos às terças-feiras, no canal GNT. Ela também comanda os episódios do Chama a Micaela, produzido especialmente nas plataformas digitais do canal.
Toda semana, a carioca de 41 anos ajuda um bagunceiro a organizar um cômodo de casa e descobrir o poder transformador de caixas salvadoras ou de uma prateleira pau para toda obra.
Em entrevista à Revista Donna, Micaela conta seus truques – alguns mais quase puxões de orelha, como “o espaço não se desorganiza sozinho” – e como em determinados momentos a desordem está associada à necessidade de um certo desapego.
Veja Mais
Todo mundo deve perguntar como é a sua casa. Você é sempre organizada?
A casa dos meus pais sempre foi organizada de maneira que me relacionei com a organização de forma natural. Minha mãe me ensinou a ser organizada, assim como meu pai, que é professor, nos ensinou como estudar. Na minha casa, estabeleci desde cedo rotinas de organização, e minhas filhas se condicionaram a elas desde sempre e de forma natural. Minha sorte é que meu marido é bastante organizado também, e isto foi obra da minha sogra.
Quando a organização virou assunto sério para você?
Comecei a entender isso como serviço quando minha comadre me pediu ajuda. Depois de algumas semanas organizando a casa dela, entendi a importância de uma pessoa de fora, sem envolvimento afetivo com as coisas, para ajudar a para lidar com o caos. A partir desta experiência, fui estudando e desenvolvendo mecanismos para ajudar o outro a refletir sobre a importância dos objetos, a se desapegar e a vivenciar os benefícios da organização.
Depois de tantas histórias, você identifica as principais dificuldades das pessoas?
O espaço não se desorganiza sozinho: isto é a expressão de uma desorganização interna nossa. Percebo que a maior dificuldade com a organização é emocional: o apego pelos objetos, as memórias que as peças trazem, a fantasia de que um dia você vai precisar daquilo. Nos casos mais delicados, um trauma emocional como uma perda ou uma ruptura são capazes de gerar um processo de bagunça no ambiente que é, na realidade, a expressão da bagunça interior.
Qual é o primeiro passo para vencer a bagunça?
Não existe fórmula mágica, mas o princípio de tudo é querer mudar. A partir deste comprometimento, o percurso será uma reeducação de comportamentos que te levam à bagunça e à prática de adquirir novos hábitos que tragam bem-estar em um espaço organizado. Os casos mais difíceis do programa Santa ajuda são aqueles em que o processo de bagunça extrema foi desencadeado a partir de um trauma. É preciso pedir licença para penetrar nesse universo e com muito cuidado e respeito fazer com que a pessoa experimente os benefícios da organização em detrimento do desconforto da desordem.
• Espaços pequenos, paredes salvadoras
• Até o limite
• Organização que vem do céu
O efeito suspenso é muito bem-vindo quando falta espaço em bancadas e prateleiras. Em um dos episódios, copinhos coloridos pendurados por fitas ajudaram a dar graciosidade em um quartinho de criança.
• Priorize o dia a dia
Sabe a despensa? Coloque na altura dos olhos o que for de uso diário. Já os produtos que são apenas de reposição devem ir para os nichos mais altos. Reserve a primeira prateleira para guardar caixas e latas mais pesadas.
Leia mais