Roxbury, Connecticut - Tovah Martin não consegue viver sem plantas; por isso, no inverno, ela faz seu jardim dentro de casa. Mesmo quando está congelando lá fora, há uma floresta de repolhos ornamentais verdes-claros desabrochando na janela leste.
E a samambaia na janela de seu quarto no andar de cima tem frondes verdes vigorosas, repletas de esporos. Conheça a samambaia Polypodium formosanum.
- Veja seus pés ciliares - disse ela, separando as frondes para mostrar os rizomas azul-esverdeados inchados na base da samambaia. - É assim que ela rasteja pelo chão.
Martin, de 59 anos, devotou sua vida às plantas domésticas - sem mencionar as centenas de outras mais fortes que ficam do lado de fora, agora num frio extremo nos pequenos três hectares do que resta de uma fazenda de gado leiteiro. Autora de dúzias de livros, incluindo "The New Terrarium", publicado em 2009, e seu mais recente, "The Unexpected Houseplant", publicado no ano passado, Martin passou 25 anos cuidando de cítricos, ervas, gerânios perfumados, begônias e uma espantosa selva de outras plantas tenras amontoadas na loja Logee's Greenhouses, em Danielson, Connecticut.
Ela levou consigo algumas favoritas quando partiu em 1995, mas o resto de suas plantas rapidamente conseguiu chegar até aqui, como se elas desviassem do caminho atrás de um bom lar. Uma vez Martin tentou contar quantas plantas estavam crescendo em sua casa. - Eu desisti quando cheguei nas 200 - contou.
A maioria delas vai para a área externa no verão e volta antes que comece a gear. Outras, como a Asplenium nidus, uma samambaia ninho-de-passarinho que floresce junto com um imbé antigo (uma daquelas plantas que ninguém consegue matar) dentro de um terrário feito de um frasco farmacêutico gigante, são moradoras permanentes do interior da casa.
O que chama a atenção instantaneamente é que esses não são apenas simples vasos de plantas. Cada uma delas está crescendo dentro de alguma coisa interessante: aqui um recipiente industrial de metal; ali, um pote de argila de aparência antiga com forma ou pintura incomuns; talvez algum velho baú servindo como jardineira na janela; e até mesmo uma peneira de cozinha (ótima drenagem!) para plantas suculentas.
Elas são agrupadas com uma visão pelas formas e texturas complementares, cores e padrões das folhas, assim como pela necessidade de luz. Os repolhos ornamentais, por exemplo, cujos troncos tomaram forma de palmeiras, são iluminados quase com transparência pela janela ao leste.
- Pavão Branco é o nome - disse ela. - Eu não queria deixá-la morrer, então a plantei em um vaso e a trouxe para dentro. Daí a vi florescer e agora estou viciada nela.
Os repolhos ornamentais crescem em linha, em uma jardineira de madeira intemperizada. Elas dividem a janela com um jasmim, seus estolhos curvados em direção à luz, sempre para cima, graças à posição em uma estante alta para plantas da Arts and Crafts no canto da sala de estar.
O cômodo parecia muito escuro para um jasmim florescer. (A face oeste, e não a leste, é melhor para as plantas no inverno.) Mas esse jasmim tinha uma coloração verde escura vigorosa e estava cheio de botões.
- Ele tem muito tempo para ficar pronto - disse Martin. - Provavelmente florescerá em março.
Então por que meus jasmins nunca florescem, antes de murcharem e morrerem, dentro de casa?
O truque, segundo ela, é deixar as plantas lá fora durante o outono, pelo maior tempo possível. Elas irão formar seus brotos no tempo frio; leve-as para dentro justamente antes de começar a gear.
De fato, Martin e suas plantas têm uma vantagem. Elas vivem em um celeiro convertido ligado a uma sapataria do ano 1790 por um corredor de vidro - a estufa, onde cem ou mais vasos de plantas se aquecem em plena luz, em um banco de três camadas pintado de azul-celeste.
O pequeno celeiro leiteiro do século XVIII felizmente não foi desfigurado pelos antigos donos, que transformaram o lado leste em um enorme quarto com tetos de 9 metros e com pisos acastanhados originais de 60 centímetros de largura. Eles também abriram a parede leste com grandes painéis de vidro que agora mostram os grandes jardins de verão de Martin (que inclui um abrigo e um pasto para suas cabras, Flora e Beatty).
Mas o que mais impressiona nessa casa é a temperatura de congelar os ossos.
Martin, que se fortaleceu durante anos morando em uma casa vitoriana fria por causa da Logee's Greenhouses, mantém seu termostato a cerca de 13 graus Celsius. As temperaturas diurnas são mais altas, claro, no ensolarado corredor de vidro, mas é definitivamente frio nos outros cômodos, especialmente durante a noite. - Eu me acostumei - disse ela. - Minha sinusite não aceita nada diferente disso.
Mais frio do que isso, e as plantas subtropicais abandonariam suas flores perfumadas. Uma vigorosa laranjeira calamondin estava cheia de frutos do tamanho de bolas de golfe.
Mas para a maioria das plantas, "a temperatura não é assim tão crítica", segundo Martin. "A umidade é o problema."
Então mesmo que você e suas plantas vivam com radiadores barulhentos que não podem ser desligados - ou pior, no ar quente forçado - o calor extremo não é o assassino. O vilão é o ar seco.
- Se você colocar um umidificador, isso será bom para você e para as plantas - disse ela. - Elas sofrem com a falta de unidade, e você também.
Divorciada em 1996, Martin vive com Einstein, seu gato Maine Coon, cujo pelo nunca estala com eletricidade estática quando ela o acaricia. Como ela coloca: - Se seu gato solta faíscas quando você faz carinho, o ar está muito seco.
Quanto à frequência com que se molha as plantas, isso depende das necessidades de cada uma delas. Begônias e gerânios, por exemplo, gostam de secar antes de uma boa molhada. Samambaias adoram a umidade. E as suculentas podem ser mortas com água demais.
- Eu não recomendo molhar uma vez por semana ou uma vez a cada três dias, eu uso a regra da sensibilidade - disse. - Molhe quando estiver seca. (E seco é relativo para as plantas, por isso, não deixe que as folhas murchem ou que o solo fique tão seco quanto o cimento.)
A luz do inverno é fraca também, então muitas plantas não precisam de fertilizantes.
- Eu uso emulsão de peixe para tudo, mas eu paro no Dia de Ação de Graças - Martin explicou.
Porém, novamente, as regras de sensibilidade se aplicam. Quando as folhas de sua planta cítrica e sua videira começaram a ficar com a aparência pálida, ela começou a fertilizá-las - uma solução média de emulsão de peixe, a cada poucos dias - até que elas ficassem verdes novamente.
Ela usa terra orgânica para os vasos da maioria das plantas, adicionando carvão vegetal na mistura para o terrário e cascalho para as suculentas. Uma fonte local respeitável para achar o adubo é melhor (ela usa uma da McEnroe Organic Farm, em Millerton, Nova York), porque tem maior probabilidade de estar cheia de nutrientes e micróbios do que uma mistura comercial que já está há tempos na prateleira.
"The Unexpected Houseplant", está cheio de dicas como essa. E falando no inesperado, Martin sugere adotar quase qualquer coisa (exceto uma árvore grande) como vaso de plantas. - Eu sempre trago uma planta conífera para dentro - disse ela, tocando as agulhas verde escuras de uma pequena chamaecyparis em um lindo vaso industrial. - Me faz sentir como se houvesse um jardim dentro de casa.
O truque para manter um verde feliz é lhe dar um recipiente fundo.
- Ou então elas secam - disse ela. - A raiz esférica é muito grande.
Martins ama resgastes industriais, por sua beleza antiga e suas proporções.
- Eu acho que esse cilindro era para verter minério ou coisa do tipo - disse ela sobre o recipiente que abrigava o pequeno cipreste. - E tem um buraco no fundo.
A forma amontoada da árvore e suas agulhas verde escuras separam os ramos de dois figos viscosos plantados em recipientes de metal que já foram urnas.
- Até mesmo a loja de plantas mais chata pode parecer incrível, se usarmos um vaso diferente - disse ela. - Mas eu não tenho nada em recipientes que não sejam práticos.
Esqueça as coisas engraçadinhas que você vê nas revistas, como ervas em potinhos, pequenos demais para acomodar suas raízes. - Molhá-las seria um trabalho de período integral - disse ela. Então acomode a planta em um vaso, e depois seja criativo sobre onde colocá-lo.
Ela pega muitas de suas plantas domésticas de fontes humildes, como lojas de suprimentos para fazendas que jogam fora plantas anuais que não foram vendidas. - Eu jogo o meu 'Bom, você vai jogar tudo isso fora de qualquer forma, eu lhe dou...' - E ela as compra por praticamente nada.
Outras plantas são suas companheiras há décadas, como o chifre-de-veado que tomou quase 0,3 metro quadrado em um canto de sua estufa. - É minha planta mais antiga - ela disse. - Veio da Logee's.
Quem precisa de cortinas quando se tem plantas? - Eu gosto do conceito sensual, de videiras - disse Martin parada ao lado da passiflora que se enrola pela janela com face sul em seu banheiro. Harriet Beecher Stowe, segundo ela, usava outra planta, Bowiea volubilis, a cebola trepadeira, como substituto para a cortina. Essa esquisitona gloriosa vive na estufa de Martin.
Mas foi o banheiro que me deixou boquiaberta. Aqui, entre as orquídeas e bromélias, as begônias e peperômias, os aloés dentro de uma velha peneira vermelha com isolantes elétricos de vidro azul, Martin pode tomar um banho de banheira em sua selva.
- Não sei onde eu estaria sem elas; elas são tão terapêuticas - disse ela. - É como se fôssemos uma grande família.
The New York Times
Trazendo o jardim para dentro de casa no inverno
Além de estarem mais protegidas do frio da rua, plantas levadas ao interior do lar ajudam a embelezar o ambiente
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