Pelo quarto ano consecutivo, eis que a 65ª Feira do Livro de Porto Alegre tem uma Patrona. Depois de Cíntia Moscovich, Valesca de Assis e Maria Carpi, agora foi a professora e autora de literatura infantil Marô Barbieri a escolhida para ocupar o cargo honorífico máximo da praça. Viva ela.
Vem logo, Feira, mesmo com todas as dificuldades, pouco apoio, com a chuva que certamente vai cair quando a gente estiver sem sombrinha, com o calorão que deixa o cabelo grudado e uma vontade quase doída de se atirar no Guaíba. Opa, esqueci que agora a Feira fica longe do Guaíba.
São muitos os eventos programados. Só sessões de autógrafos, são mais de 700. Haja caneta - e que não faltem leitores nas filas. Fora isso, a Feira é uma festa de oficinas, palestras, seminários, saraus e bate-papos com entrada gratuita, além de trazer a oportunidade de encontrar as autoras e os autores que admiramos em um dos corredores ou na pausa para o café. Pau de selfie, não saia de casa sem ele.
E os lançamentos? Um dos mais esperados é Brasil, Construtor de Ruínas, em que Eliane Brum analisa os acontecimentos políticos e sociais que nos levaram ao Brasil de hoje. Eliane, que atualmente vive em Altamira, na Amazônia, também escreve sobre a violação da floresta e aborda temas como o racismo estrutural, a violência que mata os mais pobres, o feminismo e muito mais, a partir de suas matérias e colunas publicadas, principalmente, no jornal El País. Pode procurar na banca da Arquipélago.
Martha Medeiros volta à praça para autografar O Meu Melhor, da editora Planeta, em que ela mesma fez a seleção do seu mais fino em 25 anos de crônica. Márcia do Canto e Lúcia Kaplan vêm com o infantil Acho Chato e Ponto, da Libretos. Clara Corleone chega chegando com seu livro de estreia, O Homem Infelizmente Tem que Acabar, da editora Zouk. Paula Taitelbaum assina seus dois infantis, Ora Bolas e Poupou, da editora Piu. Até eu tenho livro novo, Macha, a triste saga de uma personagem que acorda virada em homem. A edição, que ficou linda, é da L&PM.
A Feira é mulher, mas os autores que a gente gosta também estarão por lá. Pedro Gonzaga autografa as crônicas de Antes Não Era Tarde, da Arquipélago. Marlon Pires Ramos estreia oficialmente na poesia com Marlírico, da editora Escola de Poesia. Léo Gerchmann assina Jayme Copstein ao Quadrado, da Besouro Box - enfim a biografia que o Jayme merecia há tempos. Fabrício Carpinejar, que não falha nunca, traz Família é Tudo e autografa ao lado do poeta Everton Behenk, que apresenta Nada Mais Maldito que um Amor Bonito. Os dois livros são da Bertrand Brasil. É muita coisa. Para ver tudo que a Feira oferece, os convidados e as sessões, só consultando o site com a programação 2019. Aqui em feiradolivro-poa.com.br/programacao.
Compras e cobiças. Estou de olho no lançamento de Sobre os Ossos dos Mortos, da vencedora do Nobel de Literatura Olga Tokarczuk. Em Nunca Houve um Castelo, de Martha Batalha, e Tudo Pode Ser Roubado, de Giovana Madalosso. E ainda em Amares, uma antologia dos melhores textos de Eduardo Galeano - selecionados pelo próprio. Com delicadezas assim: "O mundo é isso. Um montão de gente, um mar de fogueirinhas".
Vem logo, Feira, mesmo com todas as dificuldades, pouco apoio, com a chuva que certamente vai cair quando a gente estiver sem sombrinha, com o calorão que deixa o cabelo grudado e uma vontade quase doída de se atirar no Guaíba. Opa, esqueci que agora a Feira fica longe do Guaíba.
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Sobre esse clima que alterna 37º com 12º em Porto Alegre, lembrei de uma piada que o Iotti contava. Importantíssimo: é piada, não é verdade, nem maldade. Um homem comprou um papagaio que não falava de jeito nenhum. Um dia se irritou e botou o bicho dentro do freezer. Quando tirou o papagaio de lá, ordenou: fala. O papagaio nem tchuns. O homem atirou o papagaio dentro do micro-ondas. Esquentou o bicho, tirou lá de dentro e mandou: fala. O papagaio mudo. O homem repetiu o método, o pobre do papagaio indo direto do freezer para o micro-ondas. Na última vez, o bicho saiu do forno e, enfim, falou: nunca mais volto a Porto Alegre, o clima aqui é muito louco. Na piada do Iotti, o papagaio era de Caxias. Nesses dias muito loucos, serve para qualquer cidade. Porto Alegre que o diga.