Tenho umas ideias meio estranhas, mas que me guiam desde que me tornei adulto e, minimamente, maduro. A cada início de ano, defino objetivos que pretendo cumprir ao longo dos meses.
Coisas acessíveis, nada mirabolante. Na maioria das vezes, são metas que foram perdidas em algum momento da vida, dai essa é sempre a segunda chance que dou pra gente, até para não deixar nada inacabado.
E, também, para que não fique a impressão de não ter conseguido, tornando esse fantasma uma presença constante em tudo depois. Deus me livre viver com essa sombra.
A maneira mais eficiente de afastar o encosto da autossabotagem é correr uma maratona. O indivíduo que consegue cumprir os 42 quilômetros da prova mostra para si mesmo que tudo é possível.
Uma pessoa que, em condições normais, permanece correndo por quase quatro horas ininterruptas, sem desistir, é um super-herói, né? E se é capaz disso, tem força suficiente para conquistar o que bem entender, sem jamais pensar em desistir.
Foi um pouco em função disso que uma das metas do ano era começar a me preparar para essa loucura. Não é do dia para a noite que se cumpre uma dessas, exige um longo planejamento, que começa num ano e termina no próximo.
Por isso que saí em busca de um treinador. O máximo que eu já havia cumprido era um total de 10 quilômetros, uma única vez. E cá entre nós, achei uma epopeia.
Dessa forma, conheci meu treinador, uma referência mundial no triathlon. O Frank Silvestrin é um gigante, faz 42 quilômetros abaixo de três horas. Depois de ter nadado e pedalado. Tem vezes que a vontade de correr não aparece, que as pernas estão travadas. Ele sempre diz: “não espera ter vontade, amarra o tênis e vai que ela aparece”.
O que ninguém imaginava é que estamos todos num grande grupo de corrida do WhatsApp, cujo objetivo é vencer a mais difícil das maratonas, a chamada 2020. Quem cruzar a linha de chegada deste ano sem desistir é capaz de fechar qualquer 42 quilômetros. Estou preparado para todas elas, Frank!