Sócio-diretor da Japesca, Gabriel Cunha é um dos responsáveis por expandir o negócio familiar para uma das temakerias mais populares do Estado. A marca é referência quando o assunto é peixe fresco e de qualidade.
Como surgiu a Japesca?
Foi em 1970, primeiro como indústria, em São Lourenço do Sul, e depois como peixaria, em Porto Alegre. A Japesca foi criada pelo meu pai, João Lopes da Cunha, que era um pescador artesanal. Na época, o comércio de pescados frescos ocorria exclusivamente no Mercado Público da Capital, então, ele fez uma sociedade com uma peixaria de lá. Quando essa união acabou, meu pai foi trilhar outros caminhos. Foi quando chegamos na região de São Lourenço, onde passamos a comercializar peixe para São Paulo. Uma década depois, os antigos sócios nos ofertaram a peixaria do Mercado, e aí retomamos o local.
São quase 40 anos de atuação e, desde então, muitas tecnologias surgiram. Como elas influenciaram o mercado de pescados?
São muitas mudanças. Em 1960, o comércio de pescados era liberado até uma determinada hora. A fiscalização existente na época passava nas mesas e cortava o rabo dos peixes, dizendo que eles não estavam mais próprios para consumo porque não existia a tecnologia de refrigeração. Você tinha da madrugada, quando era feita a pesca, até as 9h para vender no varejo. Hoje, tudo é diferente, a durabilidade do comércio é muito maior.
Qual a maior mudança da área nos últimos anos?
A entrada do pescado cultivado, que representa quase 80% das vendas, tanto para a interna, que é a tilápia, e a importada, que é o salmão – que começamos a ouvir falar em 2010 e, hoje, é o grande peixe do momento. Isso ocorre pela diminuição que vem acontecendo gradualmente no cenário mundial de pescados selvagens, de captura, que alguns até chamam de peixe orgânico por crescer em seu hábitat natural. Em 2009, a Japesca ampliou sua área de atuação e inaugurou a primeira das temakerias.
Por que apostar nesse ramo?
Foi uma ideia junto do meu irmão. Queríamos diversificar o negócio sem sair do nosso principal produto. Como a empresa mantém filial em São Paulo, eu frequentava a cidade mensalmente, e passei a perceber o crescimento das temakerias, que eram restaurantes japoneses de forma mais simplificada, como se fosse um fast-food. Era um modelo próprio para nossa expansão e, na época, existiam poucas por aqui. Então, fizemos essa ampliação nos negócios.
Qual o diferencial da peixaria em relação às outras do mercado?
Na indústria, temos como diferencial o peixe de captura de forma artesanal, embora trabalhemos com todas as linhas. Somos mais competitivos nos peixes de água doce. Temos uma referência muito grande com os selvagens, nobres ou comuns, sempre buscamos ter muitas variedades.
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5 perguntas para Gabriel Cunha, sócio-diretor da Japesca
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