Ando muito nostálgico ultimamente. Semana passada, perdi meu avô. Além da saudade de conviver com ele e das lembranças de tantas coisas que fizemos juntos, me dei conta de que também perdi algo a mais. Perdi para sempre o sabor da ovelha que ele fazia. Perdi o aroma que ficava no ar a manhã toda enquanto a carne estava no tempero. Perdi o gosto ímpar da caipirinha que iniciava todos os almoços da casa da praia. Mesmo que alguém soubesse a receita e a seguisse à risca, o sabor nunca seria o mesmo.
No meio de tanta saudade lembrei que, há 20 anos, perdi a minha avó. E com ela também se foram as melhores rabanadas da minha vida, o brigadeirão que adoçava a família toda e até um molho de moela incrível. O carinho deles tornava cada prato único e inesquecível.
Esse sentimento de sabor perdido acontece também quando um restaurante fecha as portas. Até hoje, me sinto órfão do milk-shake de chocolate do Joe´s, que eu comia pendurado no balcão junto com um xis simples. Tenho boas lembranças do pato ao roquefort do Steinhaus, que vinha depois daquele couvert magistral.
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Sabor Perdido | Diego Fabris
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