Não sei viver um dia sem ela. Quando me afasto, logo corro atrás para compensar o tempo perdido. Se tivesse que passar o resto da vida acompanhado apenas de um alimento, seria com ela, a carne. Não sei se essa paixão nasceu influenciada pela minha família de Bagé ou se foram os incontáveis churrascos na praia que meu avô fazia. Mas sei que só aumenta. E gosto de todos os tipos, do gado à ovelha, do porco ao javali, sem dispensar um galeto ou um magret de pato.
Nos últimos tempos, aprendi ainda a valorizar todas as partes destes animais. Entender que o boi não tem só picanha e costela e que o cordeiro não tem apenas paleta e carré faz um mundo novo de sabores e texturas surgir no horizonte. Mais do que isso, em tempos de crise, explorar novos cortes, supostamente menos nobres, é fundamental tanto para o assador de final de semana quanto para os restaurantes. Cada corte tem a sua graça.
Mais do que a carne em si, gosto do ritual de preparação. Como diz um grande amigo meu, o assado une as pessoas. Acompanhar o processo do fogo do início ao fim aquece a alma. E não me interessa se o churrasco vai ser na parrilla, na churrasqueira, na vala ou no chão. O que me importa é que eu esteja junto.
Tenho a sorte de conviver com grandes assadores. E, de tanto comer, fui aprendendo alguns ensinamentos valiosos. O primeiro é o do ponto da carne. Sei que cada um tem o seu gosto e respeito isso, mas quando a carne é de gado, ter aquele vermelho suculento por dentro é algo precioso, pois é neste ponto que se extrai o melhor sabor dela. Outro ponto interessante é ser mais comedido no uso do sal. De tanto exagerar no sal, vamos perdendo um pouco a noção do real sabor da carne.
O mercado da carne vem se desenvolvendo cada vez mais na qualidade dos produtos e na geração de conteúdo a seu respeito. Toda discussão sobre o marmoreio, o pasto ou a procedência é relevante e vai nos ajudar a comer melhor. Termino parafraseando mais um amigo do mundo das carnes que diz: “Se o boi é de primeira não existe carne de segunda”.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris