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Ao longo de 25 anos, Friends acumulou fãs das mais diversas épocas e idades. Hoje, é muito mais fácil conseguir acesso a um episódio específico ou até "maratonar" o seriado inteiro em um dia só, tudo por conta dos serviços de streaming que trazem as séries para a palma da nossa mão.
Porém, o mundo era totalmente diferente quando Friends estreou: em 1994, internet e TV por assinatura (chamada, na época, de TV a cabo) eram as grandes novidades do momento, mas pouca gente tinha acesso — muito por conta da grana. No Brasil, a internet só começou a operar comercialmente em 1995, com o serviço discado — muito lento. Palavras como "apps", "smartphone", "streaming" e "spoiler", presentes no universo atual dos seriados, ainda nem eram pronunciadas.
Em uma época bem mais tecnológica, GaúchaZH conversou com fãs "das antigas" de Friends, que contaram os desafios de assistir e ser fã da série na década de 1990.
Na casa dos avós
— Está na minha vida desde sempre.
Essa foi a resposta de Patrícia Pippi, 32 anos, ao ser questionada sobre desde quando assiste a Friends. Apesar de não se lembrar exatamente do dia em que virou fã da série, a advogada tem em sua memória afetiva a lembrança de ver o seriado nas férias de verão, quando ia de mala e cuia para a casa dos avós em Balneário Camboriú.
— Eu tirava férias desde muito nova, em 1995, 1996, por aí, ia em dezembro e ficava dois meses direto na casa deles. Então, tinha aquele horário, entre 12h e 13h, que passava Friends na televisão. Esse era meu momento de ficar todos os dias vendo Friends — lembra Patrícia.
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Entre os amigos, ela acabou vinculada ao seriado pelo fato de Friends estar na sua rotina há muito tempo: todos os dias, antes de dormir, ela vê, no mínimo, um episódio — hoje no streaming, bem mais fácil que quando era mais nova.
Patrícia acabou passando a influência para o irmão mais novo e os dois, em uma viagem para Nova York, não perderam tempo e foram conhecer o prédio que supostamente abrigava o apartamento do sexteto — na realidade, a morada dos amigos foi construída nos estúdios da Warner e o prédio só aparecia na série para ilustrar a fachada.
— Estou tentando passar isso para a próxima geração, para que continuem vivendo tudo isso — diz, entusiasmada.
Episódios com meses de atraso
Renata Celidonio começou a assistir à série por influência do irmão mais velho, Bruno. A jornalista conta que os dois viam os episódios com meses de atraso por causa da demora que existia entre a exibição nos Estados Unidos e no Brasil.
— A gente ficava esperando toda semana por um episódio novo, dava aquela ansiedade. E, diferente dos dias de hoje, que a gente tem acesso quase que ao mesmo tempo que o episódio sai nos Estados Unidos, a gente via com meses de atraso, né? E nem tinha esse lance de spoiler, porque a gente não usava a internet como usamos hoje. A gente só sabia que no season finale (último episódio de uma temporada) ia rolar uma revelação — conta.
A jornalista de 32 anos afirma que assistir a Friends nos anos 90 era quase como acompanhar uma novela: não podia perder nenhum episódio.
Conseguiu emprego por causa do Chandler
Aquele na Praia foi o primeiro episódio de Friends a que Rafael Vollrath Ferreira, 34 anos, assistiu, após ficar "zapeando" por diversos canais, a grande sensação televisiva da década de 90.
— Na época, ainda não tinha DVDs ou algo do gênero, por isso tive que acompanhar a partir da terceira temporada, mas, para minha sorte, não muito depois disso a Warner resolveu comprar da Sony os direitos para exibir Friends no Brasil. Com isso, decidiram passar tudo de novo desde o início. Feito. Foi-se a vida social, passei a salvar os horários que passavam os episódios e não perdia um — afirma Ferreira.
O empresário ficou tão fã da série que chegou a conseguir um emprego por causa de Chandler (Matthew Perry). Ele conta que, por ser sarcástico e metido a engraçado, se identificava muito com o personagem.
— Eu era tão viciado em Friends que um dos primeiros e-mails que criei na vida foi “chandler@pop.com.br”. Esse e-mail era o que constava no meu currículo, e numa entrevista de emprego a que fui, dei sorte de o rapaz do RH ser fã da série também, comentar sobre o meu e-mail e ir com a minha cara. Acabei ficando com a vaga — comemora.
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A esperança nunca morre
Apesar da semelhança dos relatos sobre as dificuldades de conseguir acesso a Friends em um período bem menos informatizado, um sentimento comum toma conta dos fãs mais antigos: o desejo do retorno do seriado.
A justificativa talvez esteja no fato de que toda a euforia envolvendo a série surgiu em uma época com pouca oferta de produtos televisivos no Brasil, nos quais os adolescentes pudessem se identificar e ainda dar boas risadas - tudo o que Friends acabou entregando, depois da chegada da TV por assinatura ao país.
— Era uma bela válvula de escape (...). Torço muito para que um dia façam uma nova temporada ou pelo menos um filme mostrando como eles estão atualmente. Afinal, acredito que eles estejam só dando um tempo — conta o empresário Ferreira, esperançoso.
Também fã de carteirinha, o diretor de cena Lucas Fogs, 33 anos, considera que Friends fez parte da sua formação adulta e da maneira como ele se relaciona e se identifica com as pessoas.
— Qual fã nunca tentou enquadrar seus amigos e conhecidos em um dos seis personagens? Qual fã nunca se perguntou quem ele mesmo seria na série? Com um texto potente, autorreferenciado, um timing cômico incomparável e micronúcleos pra lá de carismáticos, Friends é minha série de cabeceira, e não é exclusividade minha — comenta.