Um dos principais espaços culturais de Porto Alegre, o Santander Cultural deve passar por mudanças importantes a partir do ano que vem. Ainda que nenhuma medida tenha sido divulgada oficialmente, a instituição deve encerrar sua programação musical, fechar as Oficinas de Choro e Samba e mudar a temática das sessões de cinema.
Instalado desde 2001 em um prédio de mais de 80 anos na Praça da Alfândega, coração de Porto Alegre, o Santander Cultural rapidamente tornou-se centro importante para espetáculos de música, sessões de cinema e exposições artísticas – apenas o terceiro pilar, que teve maior destaque em 2017, com o fechamento precoce da mostra Queermuseu, deve se manter intocado. Além disso, mudanças estruturais no espaço, como modernizações nos espaços multiuso, são estudadas, confirmam fontes do centro cultural. Contatado pela reportagem, o centro cultural resumiu sua posição em uma nota: "O Santander Cultural informa que, a partir do final do mês de dezembro, fechará por três meses para uma reforma em suas instalações. Em março de 2019 reabrirá com uma programação renovada".
Ainda há a possibilidade de o centro cultural mudar de nome e passar a se chamar Farol Santander, mesmo nome da instituição mantida pelo banco em São Paulo, de acordo com informações do jornalista Juarez Fonseca.
A programação musical, que teve Chico César e Vitor Ramil abrindo as portas do espaço em 2001 e, durante 17 anos, trouxe a Porto Alegre nomes como Tom Zé, Jorge Drexler, João Donato, Roberta Sá, Hermeto Pascoal e Ná Ozetti, provavelmente será encerrada em 2019. As oficinas de choro e samba, que contam com a incrível média de mil inscrições por ano e formaram nomes como Pedro Franco, que atualmente integra a banda de Maria Bethânia, também não serão mais realizadas nos espaços do Santander Cultural. Sócio da Branco Produções, que é responsável pela curadoria musical do espaço, o produtor Carlos Branco confirma que já foi contatado pela organização do Santander Cultural:
– Durante a maior parte desses 17 anos, a programação previa quatro shows por mês no Santander Cultural. Ultimamente, caiu para um. A programação de novembro será cumprida normalmente, depois encerramos. Quanto às oficinas, estamos conversando para levá-las a outro local, mas dependemos muito de patrocínio – explica o produtor.
Atualmente, o banco financia tanto a programação musical, que também usa verba de patrocínio obtida por meio da Lei Rouanet, quanto os gastos com as oficinas, que incluem os salários dos seis professores – verba que deixará de ser repassada.
Em relação à programação de cinema, outra das áreas que devem sofrer alterações no Santander Cultural, a ideia é que as sessões a partir de 2019 priorizem filmes com temática "mais abrangente" e assuntos mais populares. Luciana Tomasi, uma das sócias da Prana Filmes, responsável pela curadoria de cinema do espaço, confirma que a ideia do centro para o ano que vem é alcançar um número maior de pessoas.