Em 1985, o Rock in Rio funcionou como catalisador da juventude brasileira, ansiosa por extravasar seus hormônios após duas décadas de Ditadura Militar. Mais de 30 anos depois, a mira do festival não está mais exclusivamente na molecada colada horas a fio na grade do gargarejo – está na família toda.
A intenção de diminuir abismos geracionais está muito bem expressa no line-up, variado não apenas em gênero (vai do metal farofa ao pop mainstream) e idade (da gurizada do 5 Seconds of Summer aos vovôs do The Who), mas também na nova Cidade do Rock. Agora alocado no terreno do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, o espaço dobrou de tamanho justamente para atender a essa nova e ampla demanda.
– A gente só consegue ter público de 15 a 60 anos se tiver infraestrutura. Claro que o line-up ajuda, mas o sujeito que quer ver o The Who, por exemplo, ele não vai se não tiver um banheiro decente. Eu mesma não saio de casa se não tiver um banheiro decente (risos) – brinca Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio.
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Além de investir na suavização de urgências fisiológicas, o festival ampliou sua área de alimentação (incluindo um espaço que oferecerá refeições que não o fast-food habitual), criou áreas de sombra para os momentos de sol inclemente e manteve os brinquedos de parque de diversão (tirolesa, montanha russa e roda gigante). Espaços de convivência longe do tumulto dos palcos, como o Rock District e o Rock in Rio Boulevard, ganharam mais atrativos, como lagos artificiais e áreas de descanso.
– O grande barato da Cidade do Rock é que você pode ir para lá com a sua família e vocês não tem que gostar da mesma coisa. Esse é o principio – salienta Roberta. – A namorada vai curtir street dance, você vai ouvir eletrônico e o primo vai curtir o que quer se seja e vocês se encontram para jantar no fim do dia. Essa é a proposta, passar tempo junto, onde você tem a música como elo.
A nova localização também ajuda na mobilidade, uma vez que o Parque Olímpico é servido por linhas de ônibus BRT que se conectam direto com o metrô, colocando o frequentador praticamente dentro da Cidade do Rock de qualquer parte do Rio. A melhoria do transporte público, no entanto, não é o único legado da Copa e das Olimpíadas que está beneficiando o Rock in Rio. A ampliação da rede hoteleira, de 20 mil para 40 mil quartos, também facilita a atração de gente de fora do Estado, que representa quase metade do público do festival.
Mais lugares para ficar e mais espaço para receber os fãs não devem refletir, necessariamente, no aumento da capacidade do festival. Roberta garante que, por decisão do próprio Rock in Rio, a média de público deverá ser a mesma da edição anterior, com cerca de 85 mil pessoas por dia. Tudo para manter o ambiente ainda mais favorável ao clima familiar perseguido pela organização.
– Nosso objetivo é a experiência de parque temático – resume Roberta.
* o jornalista viajou a convite da produção do Rock in Rio
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