Formada por gaúchos, concebida na Espanha e radicada na Itália, a Selton é uma banda marcada por mudanças constantes, que se refletem em sua sonoridade – um pop recheado de elementos vocais e efeitos sonoros. Essa abertura a transformações novamente fica clara em Loreto Paradiso, quarto disco do grupo e segundo a ser lançado no Brasil, cuja turnê nacional traz a Selton de volta a Porto Alegre para o show desta quarta, no Theatro São Pedro.
– Quando estamos na Itália, sentimos falta do Brasil. Quando estamos no Brasil, sentimos falta da nossa nova casa, que é a Itália. É uma sensação de falta constante. É estranho – diz o vocalista e baterista, Daniel Plentz. – Loreto Paradiso fala dessa sensação de transformação, de fazer com que o lugar em que tu estás seja o teu próprio paraíso, de encontrar a paz em ti mesmo. Mais do que um espaço físico, é um lugar mental.
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O título do disco se refere ao bairro de Milão em que os quatro vivem – não que o lugar seja realmente um "paradiso", mas o nome escolhido reflete bem a ideia por trás de suas 10 faixas. O exemplo mais explícito talvez seja Up to Me, música que começa com o verso "Tava no mato, do mato para Loreto, de Loreto para o palco, do palco pro mundo inteiro".
Com suas melodias pop e as construções vocais usadas como parte instrumental das músicas, Loreto Paradiso remete ao início da banda, quando os guris tocavam covers de Beatles como artistas de rua. Mas este quarto disco, produzido pelo italiano Tommaso Colliva, também aponta para um futuro. Nele, a Selton usa elementos eletrônicos e apresenta letras bem trabalhadas, que balançam entre a melancolia pós-adolescente, a desilusão com o mundo e um certo pessimismo bem-humorado, temáticas que encontram eco em bandas contemporâneas de Porto Alegre, como Dingo Bells e Apanhador Só.
Para isso, a Selton utiliza-se de um esquema de trabalho que ajuda a explicar a qualidade alcançada no álbum. Todas as composições são traduzidas para inglês, italiano e português e montadas como um quebra-cabeças de línguas. Depois, passam por três processos de gravação: o primeiro em um estúdio caseiro da própria banda (e em espaços improvisados, como na casa de praia de um dos membros, em Atlântida), depois em um estúdio de alta qualidade em Milão e, por último, na Inglaterra, ao lado do produtor.
Para Ramiro Levy (voz, guitarra e ukelele), todo esse processo fez com que as músicas "respirassem lugares diferentes" – um sentimento constante na trajetória em movimento da Selton.
– É o segundo disco que consideramos realmente nosso, no sentido de termos encontrado uma identidade – afirma Levy. – Nossa linguagem é misturar um pouco as várias personalidades que temos: sermos brasileiros, morarmos na Itália e termos começado cantando na rua em Barcelona. Consideramos Loreto Paradiso uma evolução de Saudade (disco anterior), ousamos mais, as letras são mais profundas em alguns temas, as sonoridades são mais marcadas, queremos que as pessoas escutem os sons eletrônicos e a parte acústica.
Selton
Nesta quarta-feira, às 21h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 25 (galeria), R$ 30 (camarotes lateral e central) e R$ 35 (plateia), à venda na bilheteria do local e pelo site Compre Ingressos.
Ouça Loreto Paradiso, novo disco da Selton: