As mãos acostumadas a digitar na velha Olivetti Lettera e a segurar cigarros acesos por horas em noites boêmias descobriram um novo tipo de carinho pouco antes de perderem as forças. No jardim de uma casa do Menino Deus, em Porto Alegre, Caio Fernando Abreu cavoucava com paciência a terra e desgalhava roseiras para que crescessem com força e desabrochassem de forma cada vez mais exuberante. Quem via as plantas ganharem cor e viço não poderia imaginar que seu jardineiro passava por um processo inverso, recolhendo-se cada vez mais, debilitado pela doença que o mataria.
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