Produções de qualidade e tramas ousadas estão tornando-se uma tradição na faixa das 23h da Globo. Ligações Perigosas, que chega ao fim na sexta (RBS TV, 22h20min), cumpriu com louvor esse enunciado. A adaptação de Manuela Dias para o romance epistolar de Choderlos de Laclos (1741 - 1803) apresentou cenário, figurinos e fotografia impecáveis e um elenco maduro.
Por ser uma história já conhecida, em alguns momentos a trama ficou arrastada, e foi impossível não fazer comparações com outras adaptações da obra. Apesar disso, a história continua empolgante ao combinar sedução, vingança e corrupção moral. E, desta vez, a emissora carioca apostou no erotismo sutil, com as cenas mais ousadas sendo apenas insinuadas, ao contrário de produções de anos anteriores como Amores Roubados (2014) e Felizes para Sempre? (2015).
Patricia Pillar (Isabel), Selton Mello (Augusto) e Marjorie Estiano (Mariana) foram os grandes destaques do elenco. Aliás, as duas atrizes melhoram a cada trabalho. A jovem Alice Wegmann (Cecília) conseguiu segurar o papel forte que lhe foi dado.
Embora bem acabada, a minissérie errou na cena de sexo forçado entre Augusto e Cecília. A sequência provocou controvérsia nas redes sociais por ter romantizado o estupro, ao mostrar a jovem sentindo prazer no ato violento que sofria. Uma passagem que poderia ter ficado de fora.
No geral, um novo acerto da Globo, que encontrou nas tramas de curta duração seu grande trunfo, conseguindo agradar público e crítica juntos.