Acho que era um sábado, em algum final de semana no começo de outubro de 2011. O Tiago (que toca comigo na Wannabe Jalva) me ligou e, já sabendo que eu ia no show do Pearl Jam, disse na maior ironia do planeta terra e provavelmente com o sorriso na cara característico da figura: "Ah é, que tu vai ver o Pearl Jam então ". Na hora, caiu a ficha. Eu simplesmente tinha evacuado da memória que a produção local mandou uma seleção de bandas para que o próprio Pearl Jam escolhesse a abertura do show de Porto Alegre. Na época, a gente era guri novo, com menos de um ano de Wannabe Jalva, nunca imaginaríamos que os caras iriam nos escolher.
Mal sabia que, naquele dia 11.11.11 (sim, exato mesmo dia e mês do show de hoje à noite), tocaríamos como gente grande, ignorando o nervosismo de pela primeira vez estar segurando um estádio nas costas (e, possivelmente, um lugar maior do que o Beco), e iriámos receber a aprovação dos caras em pessoa.
Saímos do palco naquele clima de "que animal isso tudo", e estava ali Mr. Vedder, vendo o show no cantinho, tomando um drink e balançando a cabeça com tom de aprovação. Conversamos com ele, e não me lembro direito qual era o papo, mas lembro que ele perguntava meu nome, e eu respondia coisas do tipo "É uma honra abrir pra vocês" e "Pô, e aquele show lá em 2005", não dizendo nada com nada. Até que ele me perguntou pela 23ª vez: "Man, qual é teu nome?". Daí, parei, pensei e respondi: "Rafael". E ele disse: "Rafael, you should keep on stage
" ("Rafael, você deveria continuar no palco..."), elogiando a banda como um todo.
Porra, aquele mesmo cara daquela banda que furei os discos, que vi o show em 2005 no Gigantinho e que foi uma das maiores surras musicais que já havia tomado até então. Mostrando que, acima de tudo, ele é um cara de verdade, e que, além de músico talentoso, também passou por isso e sabe como é a trajetória de uma banda de carne e osso. Acho que esse é o ponto que eu mais admiro nos caras, a postura que eles têm com coisas que julgam importantes, sua preocupação com a arte.
Dois anos mais tarde, em 2013, já um pouco mais calejados musicalmente, tocamos no Lollapalooza (festival que ocorre em São Paulo) e, coincidentemente, no mesmo dia em que o Pearl Jam também tocaria. Não estávamos esperando uma aproximação, pois sabemos que geralmente neste tipo de evento existe uma organização bem rígida, e o Pearl Jam era o headliner do festival. Do nada, o Chris, nosso manager, dá a notícia de que a banda estava nos convidando para ver o show deles do palco. E, mais uma vez, sem esperarmos nada, o Ed agradece a Wannabe Jalva (e mais diversas bandas gringas daquela edição) na frente de 80 mil pessoas.
Neste momento, me encontro em casa, coloco o Yield para girar, fazia uns bons dois anos que não escutava o disco inteiro. Obviamente, com o passar dos anos, me aprofundei muito mais em música, abri a cabeça para muitos estilos e grooves, bem além daquele guri que curtia bastante do punk e do grunge. Mas o sentimento é o mesmo. Bate do mesmo jeito. Que hoje à noite seja especial mais uma vez.
PEARL JAM
Única apresentação: quarta-feira, 11 de novembro de 2015.
Horário: 20h30min
Local: Arena do Grêmio - Avenida Padre Leopoldo Brentano, 110 - Humaitá, Porto Alegre - RS
Capacidade: 43.491 pessoas
Ingressos: de R$ 80 a R$ 460
Classificação etária: de 10 a 13 anos é permitida a entrada acompanhado de um responsável. A partir de 14 anos é permitida a entrada desacompanhado.
Dinheiro; cartões de crédito MasterCard, American Express, Visa e Diners; cartões de débito Visa Electron e MasterCard débito.
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