Estreada em abril deste ano, a montagem As Quatro Direções do Céu marcou o reencontro do diretor Camilo de Lélis com a dramaturgia de língua alemã no teatro adulto - a última vez havia sido em Mehrda, Presidentas! (2000), do austríaco Werner Schwab. O novo trabalho, que recebeu o Prêmio Braskem de melhor espetáculo pelo júri oficial e de melhor diretor, foi escrito pelo autor alemão contemporâneo Roland Schimmelpfennig.
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As Quatro Direções... traz uma atmosfera onírica que remete ao Livro das Mil e Uma Noites. É a história de um sujeito que encontra uma caixa de balões de modelar na carga de um caminhão envolvido em um acidente. O homem e o caminhoneiro terminam se apaixonando pela mesma mulher, em uma trama que inclui uma cartomante. No elenco, estão Diogo Cardoso, Martina Fröhlich, Renata de Lélis e Tiago Contte. Para o diretor, o personagem que passa a vender balões figurativos leva ao debate sobre a mercantilização do próprio ser humano.
- É a grande questão do homem transformado em mercadoria. Essa literatura fantástica do Oriente costuma trazer a figura do servo, como na história do escravo da lâmpada - diz Camilo, para quem a peça ressignifica a tragédia clássica, trazendo-a aos tempos atuais. - O título evoca o destino, mas não é uma tragédia nos moldes antigos. Tem uma pegada do melodrama circense, que pende para o lado do patético.
AS QUATRO DIREÇÕES DO CÉU
Sábado (28/11) e domingo (29/11), às 20h.
Auditório do Instituto Goethe (Rua 24 de Outubro, 112), fone (51) 2118-7800, em Porto Alegre.
Entrada franca. As senhas devem ser obtidas duas horas antes das sessões, mediante a doação de materiais de higiene pessoal, limpeza ou fraldas infantis e geriátricas para os atingidos pelas cheias na Capital.
Intervenção cênica "Cidade Proibida" tematiza debates das ruas da cidade
Vencedora do Prêmio Braskem de melhor espetáculo segundo o júri popular, a intervenção cênica Cidade Proibida, da Cia. Rústica, procura criar um espaço temporário de convívio em locais da cidade que os espectadores provavelmente não frequentariam à noite por motivos de segurança. As novas sessões do trabalho, que estreou no final de 2013, serão na Praça do Aeromóvel, em frente à Usina do Gasômetro, na segunda-feira e na terça, às 21h.
- Acredito que a arte cria um círculo de proteção, uma ilha de convívio possível - afirma a diretora Patrícia Fagundes.
Reunindo um elenco heterogêneo de nomes experientes e também jovens, Cidade Proibida é uma sequência de fragmentos de performances que encenam temas candentes na cidade, no país e no mundo. Como uma obra em processo, novas questões são trazidas a cada temporada, de acordo com questões das ruas e também conforme eventuais mudanças de elenco. Patrícia exemplifica:
- Incorporamos a questão dos refugiados (na Europa) e o debate sobre o Cais do Porto. Quando nos apresentamos recentemente no Crato (no Ceará), trouxemos a questão da lama (decorrente do rompimento da barragem que gerou um desastre ambiental).
A ideia, segundo a diretora, é criar um ritual festivo com teatro, dança e circo. O conceito de festa já havia motivado espetáculos bem-sucedidos da Cia. Rústica, como Clube do Fracasso (2010) e Natalício Cavalo (2013).
CIDADE PROIBIDA
Segunda-feira (30/11) e terça (1º/12), às 21h.
Praça Júlio Mesquita (Praça do Aeromóvel), em Porto Alegre. Acesso pela Avenida Presidente João Goulart (altura do número 551, em frente à Usina do Gasômetro) ou pela Rua dos Andradas (altura do número 230, perto do Museu do Trabalho). Entrada franca.
Premiadas
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Fábio Prikladnicki
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