Campeões do Gauchão
É sempre animada a premiação dos melhores curtas gaúchos de Gramado - a tradicional mostra apelidada de Gauchão. Ao receber o prêmio de melhor atriz pelo filme Bruxa de Fábrica, Gabriela Poester disse estar "com borboletas na barriga e palpitações". Arno Schuh, melhor fotógrafo por O Corpo, fez todos rirem ao bradar "vamos comemorar, beber e ficar loucos".
O ótimo O Corpo, de Lucas Cassales, foi o grande vencedor. Mas não é o único bom curta gaúcho selecionado entre os incríveis 110 inscritos no Gauchão deste ano. Está cada vez melhor a mostra de curtas produzidos no Rio Grande do Sul, o que indica que não é apenas pelos longas que têm feito bonito em festivais internacionais que o cinema local vive boa fase.
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Gre-Nal em Gramado
É claro que os 5 a 0 repercutiram na Serra. O próprio Arno Schuh gritou um "Dá-lhe Grêmio" no palco do Palácio dos Festivais, que ouviu gritos durante os gols gremistas - no saguão, claro, porque dentro do cinema só se ouvia o áudio dos filmes em exibição.
Alexandre Derlam, diretor de Rito Sumário, disse o seguinte após receber dois prêmios pelo seu curta no Gauchão (melhor música, para Bebeto Alves, e ator, para Carlos Azevedo):
- Que noite feliz, mesmo para um colorado como eu.
Ele ama Gramado
Também foi emocionante o discurso do diretor do longa-metragem O Fim e os Meios, o veterano de Gramado Murilo Salles, ao apresentar seu longa no domingo à noite, no Palácio dos Festivais.
- Fiz em Gramado a première do meu primeiro filme. Do segundo também. Do terceiro também. Gramado me ama e eu amo Gramado. Esta é minha tela - disse, apontando para o telão da enorme sala do Palácio dos Festivais.
Brasília na Serra
O filme em si, 12º longa de Salles, é bom, mas não chegou a empolgar a plateia. O diretor disse que queria incomodar, pôr uma "mosca na sopa" ao criar a trama sobre um casal formado por uma jornalista e um publicitário que se enredam no universo de corrupção da política em Brasília. Não fez, no entanto, um filme revelador. A dupla de protagonistas, Pedro Brício e Cíntia Rosa, é que pode beliscar algum Kikito de melhor intérprete do festival.
Esvaziadinha
Já é tradição desde que o festival aumentou, passando a ser realizado em 10 dias, e não mais nos sete de anos anteriores: após um primeiro fim de semana cheio de turistas, as ruas da cidade dão uma esvaziada na segunda-feira. Mas é só uma esvadiadinha: no domingo à noite, o Palácio dos Festivais seguiu repleto, e o movimento ainda é grande na cidade. Deve aumentar muito a partir de quinta-feira, quando está marcada a exibição do único longa gaúcho em competição, Ponto Zero, de José Pedro Goulart, e ainda mais entre sexta e sábado, último dia do evento.
Ausência de Chico
A competição de longas brasileiros, que começou mal com Introdução à Música do Sangue, de Luiz Carlos Lacerda, melhorou com a exibição do drama político O Fim e os Meios. Pelo que se comenta nos bastidores do evento, entre críticos que já viram os filmes em outros festivais, deve ficar ainda melhor na noite de terça-feira, quando o Palácio dos Festivais receber a exibição do longa Ausência, de Chico Teixeira. Teixeira, aliás, é ausência sentida em Gramado: o diretor carioca, do ótimo A Casa de Alice (2007), está em tratamento contra um câncer. Ele tem 57 anos.