Gaúcho radicado no Rio, Miguel Proença retorna para um recital nesta quinta-feira (21/5), às 21h, no Theatro São Pedro, no projeto Piano Brasil VII, que passará por 15 cidades até novembro. Com ingressos de R$ 5 a R$ 20, a apresentação terá obras de Gluck, Alberto Nepomuceno, Debussy, Villa-Lobos, Ernesto Nazareth e Chopin. Nesta quarta-feira (20/5), às 15h, Proença realiza ensaio aberto e, às 18h, uma master class, ambos com inscrições esgotadas (é possível assistir à aula como espectador).
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Como o senhor escolheu o programa deste recital?
O repertório que vou tocar é dedicado, em parte, à música brasileira que faz parte da coletânea Piano Brasileiro, com 10 CDs (lançada originalmente em 2005), que estou relançando. Ali estão os principais compositores nacionais e suas obras mais importantes. Fiquei 14 anos gravando esse projeto, que me deu a oportunidade de divulgar a música brasileira não só no país, mas também no Exterior. A coletânea é interesante porque também conta a história do Brasil. Quando a família real chegou ao Rio, trouxe um piano. Assim, o piano foi o instrumento que caracterizou o Rio de Janeiro na época, a ponto de ser chamada de "cidade dos pianos".
Como o senhor acredita que deve ser incentivado o interesse de crianças e jovens pela música de concerto?
Primeiramente, eu faço questão de qualidade. A pessoa que vai pela primeira vez a um concerto tem que assistir em um local no qual realmente se ouve música erudita, em um teatro nobre, como o São Pedro. O músico não pode fazer a concessão de tocar em um local popular, em praça pública, com piano amplificado. Qualidade, para mim, significa mostrar as condições reais em que se pode ouvir música erudita. E o intérprete tem que se preparar. Mandei fazer cartilhas (distribuídas no ensaio aberto) que contam um pouco da história da música, desde a Grécia Antiga até os dias de hoje.
O senhor incluiu compositores brasileiros no programa do recital. Acredita que o público deve dar uma atenção maior do que vem dando aos autores nacionais?
Lógico. E também acho que os compositores brasileiros têm que ser mais incentivados a compor obras cada vez mais importantes. Eles não conseguem sobreviver de composição, o que provoca uma produção muito pequena em comparação ao grande talento deles. Algo similar ocorre com os instrumentistas. Por que não colocar os jovens para tocar no Brasil todo? Não adianta fazer concurso e dar prêmio apenas para um. E os outros que se esforçaram? Isso me aflige muito. Os intérpretes estão se voltando só para a parte acadêmica, preferem estudar para ser professor. Defendo muito a performance. Criei um centro de excelência pianística na Fames (Faculdade de Música do Espírito Santo) que está dando um resultado extraordinário. Os professores e alunos estão voltando a tocar. É um mercado de trabalho que se abre para os jovens músicos.
RECITAL
Nesta quinta-feira (21/5), às 21h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 5 (galerias), R$ 10 (camarotes) e R$ 20 (plateia).
MASTER CLASS
Nesta quarta-feira (20/5), às 18h. As inscrições estão esgotadas, mas o evento é aberto a espectadores (entrada franca).
Assista a imagens de arquivo em que Miguel Proença toca a Sonata nº 3, de Chopin:
Música clássica
"Os compositores brasileiros têm que ser mais incentivados", diz Miguel Proença
Pianista realiza recital nesta quinta-feira no Theatro São Pedro, em Porto Alegre
Fábio Prikladnicki
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