Volta e meia, ouço alguém justificar que não gosta de música clássica porque não entende. Mas ninguém acha que precisa entender de rock para gostar de rock. Então, por que isso? Existe, no ar, a ideia de que música clássica é feita para uma confraria de conhecedores, na qual novatos não são bem-vindos. Sim, há um círculo de iniciados que escrevem em revistas e sites especializados e às vezes abusam de jargões. Mas não é verdade que você precisa ser um entendedor para gostar. A maioria dos admiradores da Mona Lisa não sabe muito da Renascença, o que não é problema algum. Em qualquer caso, o conhecimento do contexto da obra e do autor pode vir aos poucos para enriquecer ainda mais a fruição.
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Até pouco tempo atrás, a maioria das grandes gravações de música clássica estava disponível em caríssimos CDs importados, tornando-as acessíveis apenas a uma minoria. Hoje, os serviços de streaming estão tomando conta, e temos acesso ao catálogo de grandes selos especializados, por uma taxa mensal única, em aplicativos como Spotify e Deezer. Mas nada substitui o prazer da música ao vivo, e aí vai uma boa notícia: assistir a concertos de orquestras gaúchas custa o equivalente ao ingresso de cinema. Às vezes, é de graça. Os programas entregues aos espectadores no início dos concertos podem ser uma ótima iniciação às obras apresentadas.
Por último, e não menos importante, é preciso desmitificar a ideia de que música clássica é coisa do passado. Muitos acham que ela terminou no final do século 19, com Wagner. Não poderiam estar mais equivocados. Desde então, têm surgido continuamente grandes compositores contemporâneos que as orquestras e as formações de câmara têm procurado inserir em suas apresentações, ao lado das obras mais tradicionais.
A ideia de que a música clássica está restrita a poucos costuma vir de quem não frequenta concertos em Porto Alegre, que muitas vezes têm casa cheia. É verdade que parte significativa do público, em uma visão geral, é de pessoas maduras. Mas, surpreendentemente, essa plateia nunca morre.
Coluna
Fábio Prikladnicki: música clássica para todos
O colunista escreve quinzenalmente no 2º Caderno
Fábio Prikladnicki
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