A pesquisadora Bety Azambuja, mestra em História Regional, já dissertou sobre Morocha: "Nesta composição, tematiza-se a supremacia masculina que também pode ser interpretada como uma sátira ao comportamento excessivamente machista do homem. A interlocutora do protagonista é uma égua sobre a qual ele lança um alerta em forma de ameaça, caso ela não se submeta ao seu jugo. Trata-se de uma letra polêmica onde o domador sugere que os mesmos métodos utilizados para a doma do animal redomão - como maneia nas patas, pelego na cara e surra de mango - sejam empregados para a dominação da conduta rebelde da mulher, ignorando a diferença existente entre as duas personagens".
"Crinuda velha, não escolha o lado
Nos meus arreios não há quem peliche
Tu inchas o lombo, te encaroço a laço
Boto os cachorros e por mim que abiche"
Mas rapaz
Não é que eu cantava Morocha
Eu bradava! Acabava o refrão e ria alto, feliz. O "animal te para, sou lá do rincão" era um hino de diversão, legal de gritar bêbado na festinha do colégio. Não que eu tratasse as mulheres da minha volta como éguas. Mas achava "divertido, engraçado: é só uma brincadeira". Erro sério.
Opinião
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Luciano Potter
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