É preciso dar o braço a torcer para a Techland. Não deve ser fácil pegar um tema tão batido da cultura pop como um apocalipse zumbi e transformá-lo em algo minimamente interessante. E a desenvolvedora polonesa conseguiu. Se não é necessariamente uma obra-prima, Dying Light sobe a régua dos jogos de zumbi.
Seu principal mérito é dosar bem o drama humano e a ação, dois componentes inescapáveis em produções do tipo, mas que, via de regra, acabam desequilibrados. Excesso de choradeira deprime o jogador e deixa o jogo arrastado ou no mínimo desinteressante, enquanto sair correndo decepando cabeças a torto e a direita também não segura ninguém na cadeira. É como se Dying Light misturasse os mortos-vivos babões de A Noite dos Mortos Vivos, de George Romero, com os assassinos acelerados de Extermínio, de Danny Boyle.
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A história começa com o protagonista Kyle Crane literalmente despencando do céu no meio de Harran, uma cidade fictícia da Turquia onde um vírus transformou seu moradores em monstros canibais. Sua missão é encontrar um cientista que pode ser a chave da cura para a doença e pode, assim, livrar a cidade da quarentena em que se encontra. Daí já temos dois outros acertos: a ambientação não é em uma cidade norte-americana e os limites do mundo aberto são claramente definidos (não vai aparecer uma contagem dizendo para você voltar caso avance para onde o jogo não quer que você avance).
Uma vez ambientado, o negócio é explorar a cidade para cumprir as missões, que são bem tradicionais: encontrar fulano, ir buscar algum item com sicrano, procurar outro item para beltrano, tudo que qualquer jogador com alguma experiência em games de ação já experimentou - com exceção do sistema de movimentação. É aí que Dying Light acerta de novo, transportando o parkour que ficou célebre em Assassin's Creed para um FPS.
É fascinante correr, subir, descer, saltar e se dependurar pelos casebres apodrecidos de Harran em primeira pessoa. Quase sempre existe a possibilidade de errar o alvo ou não conseguir se agarrar com firmeza suficiente, o que, no meu caso, deixou meus joysticks úmidos de suor. E há ainda a câmera retrovisora, que permite ao jogador espiar para trás enquanto corre - e que eu aconselho fortemente para quando estiver sendo perseguido por zumbis mais poderosos.
Sim, há classes de zumbis, o que também não chega a ser novidade em jogos de monstros - Dead Island, da própria Techland, já explorava essa possibilidade, obrigando o jogador a rever suas táticas de combate. Combater, aliás, nem sempre é a melhor pedida. Muitas vezes, o melhor a fazer é correr e subir o mais alto que puder para evitar danos - até porque, tudo é muito racionado em Dying Light, especialmente kits de primeiro socorros.
Outra boa sacada do jogo: o modo noturno. Talvez o grande chamariz de Dying Light, o cair da noite traz novos inimigos e requer uma mudança de postura do jogador. O enfretamento deve ser mínimo e a velocidade, máxima. Até porque, a noite em Harran é escura mesmo e muitas vezes não se enxerga nada, nem esconderijos, nem zumbis, nem aliados, nada. Faça o que tiver que fazer e volte correndo para o esconderijo.
Lançado para PC, XBox One e PlayStation 4, Dying Light é um dos primeiros títulos a fazer jus a nova geração. E já está entre os grandes de 2015.
Jogatina Tech
Gustavo Brigatti: "Dying Light" sobe a régua dos jogos de zumbi
Título da Techland inova na jogabilidade e dosa bem drama humano com ação intensa
Gustavo Brigatti
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