O público gaúcho terá uma nova oportunidade de assistir à elogiada série de peças Peep Classic Ésquilo, com todas as tragédias do autor grego.
Em 2013, o projeto esteve no Porto Alegre Em Cena. Agora, retorna ao Estado dentro de uma turnê brasileira.
Depois de passar por Passo Fundo e Caxias do Sul, Peep Classic Ésquilo chega novamente à Capital. Serão três noites com entrada franca, sempre às 20h, no Teatro do Museu do Trabalho, com dois textos a cada sessão: nesta quarta-feira (Sete Contra Tebas e Os Persas), quinta (Oresteia I e Oresteia II, condensando a trilogia em duas partes) e sexta-feira (As Suplicantes e Prometeu).
Tudo é reduzido ao essencial nas releituras do diretor Roberto Alvim. Cada noite tem uma duração total de apenas 50 minutos. Os elencos são enxutos. E o cenário é composto unicamente por um quadrado central iluminado por uma lâmpada fluorescente. A ambientação é propositalmente escura, uma característica da companhia. O diretor explica:
- Se eu mostro o rosto dos atores, estabeleço um reconhecimento do sujeito. Se oculto o rosto, os espectadores projetam muito mais coisas sobre a cena. Tem a ver com abrir essa possibilidade de a cena ser um espaço de projeções de conteúdos inconscientes da plateia.
Alvim observa que Ésquilo - o primeiro tragediógrafo grego cujos textos chegaram até nós - é um autor pré-socrático. Ou seja, sua obra foi constituída antes da visão de mundo que se tornou hegemônica no Ocidente. Para o diretor, este autor tem a ver com uma "transmodernidade": uma transfiguração da modernidade, em que não há uma análise psicológica dos personagens. Trata-se de "uma visita a um planeta estético desconhecido":
- A visão esquiliana é uma visão poética da vida, que transfigura os sentidos estabelecidos pelo senso comum. Mais do que promover uma comunicação de conteúdos, seu posicionamento procura promover a experimentação de conteúdos enigmáticos. Não é que Ésquilo ainda seja contemporâneo: ele está fora do tempo histórico, fora da cultura.
Peep Classic Ésquilo conserva o formato com o qual estreou, em 2012, em São Paulo. Alvim observa que não acredita em obras que se modificam com o passar das temporadas:
- Ou se chega a uma versão que o artista considera perfeita para ser exposta à plateia ou não deveria estrear. Acho que atirar para todos os lados indica uma falta de convicção estética acerca da obra que se está realizando.
PEEP CLASSIC ÉSQUILO
> Quarta-feira (16/4): Sete Contra Tebas e Os Persas; quinta-feira (17/4): Oresteia I e Oresteia II; e sexta (18/4): As Suplicantes e Prometeu. Sempre às 20h. Duração: 50 minutos por noite. Classificação: 18 anos.
> Teatro do Museu do Trabalho (Rua dos Andradas, 230), fone (51) 3227-5196, em Porto Alegre.
> Ingressos: gratuitos. Retirada de senhas no teatro, duas horas antes de cada sessão.
Tragédia grega
"Peep Classic Ésquilo" retorna a Porto Alegre com sessões gratuitas
Série de peças dirigidas por Roberto Alvim serão apresentadas no Teatro do Museu do Trabalho
Fábio Prikladnicki
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